Foi com pouco mais de 30 anos que José Eduardo Santos assumiu as rédeas de Angola numa fase em que o país estava sob ataque inimigo. Naquela altura, quatro anos depois de o país ter assumido a independência, houve quem olhasse para este facto com uma imprudência porque se acreditava que não fosse levar o barco a bom porto.
O certo é que o então chefe de Estado acabou por ficar no poder até 2017, contabilizando 39 anos desde que no longínquo ano de 1979 acabou investido nas referidas funções. Até ter sido rendido pelo presidente João Lourenço, pelo caminho houve guerras, crises económicas e um acordo de paz que viria a mudar definitivamente a vida das populações, sobretudo após à morte de Jonas Savimbi, em combate.
Nos últimos tempos, avolumam-se as discussões em torno de uma mudança geracional que possa assegurar de forma condigna o futuro do país, mormente nesta fase em que se busca por mais patriotismo e entrega pelo país, tal como o fizeram num passado recente muitos dos nossos actuais dirigentes. Aos poucos, uma nova geração de quadros vai assumindo as rédeas. Basta ver para os técnicos hoje lançados aos mais altos cargos, incluindo aqueles em que se pensava só pudessem ser alavancados por mais-velhos.
Com alguma coragem, embora se acredite que possa não ser do agrado de muitos, o presidente da República, João Lourenço, mantém de algum modo a mesma veia de agregar sangue novo a uma equipa onde ainda pontificam alguns mais-velhos. Trata-se de um expediente que poderia funcionar como uma alavanca e até melhoria dos segmentos mais jovens da população, uma vez que estes facilmente se poderiam rever naqueles que com eles privam quase que diariamente. Há dias, mais um novo grupo de jovens acabou por entrar na governação.
Com jovens e alguns mais crescidos que nos podem ajudar a restaurar a esperança em dias melhores, independentemente dos problemas que possamos viver. Além dos secretários de Estado, incluindo da Economia e outros sectores fulcrais do Executivo, houve também a entrada em cena de um novo governador para o Cuanza-Norte, João Gaspar Diogo, a quem foi incumbida a missão de ajudar a desenvolver uma das províncias limítrofes de Luanda e um verdadeiro poço de recursos hídricos, florestais, agrícola e turísticos do país.
Mais do que se apontar o dedo aos mais- velhos, seja qual for a sua posição socio-política, é importante que os jovens não percam de vista que estão há muito a ser chamados para alterarem o quadro. pena é que muitos nem sequer permaneçam nas suas funções durante largos anos porque acabam por sucumbir aos prazeres que vão encontrando pela frente.