Cerca de 36 curtas-metragens que retratam diversos aspectos da realidade das Comunidades dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) serão exibidas na 5.ª edição do Festival Internacional de Curta-metragem da Kianda (FESC-KIANDA), que arranca hoje no Instituto Guimarães Rosa, na baixa de Luanda
Nesta edição, que vai até o dia 26 do corrente mês, foram inscritos pouco mais de 200 filmes, mas apenas 36 foram seleccionados, após uma série de avaliação e averiguação, em função dos critérios exigidos pela organização.
Segundo o director do festival, Vânio de Almeida, os filmes concorrentes vão disputar 25 categorias, entre as quais de melhor filme curta-metragem, melhor produtor, melhor realizador, melhor edição, actor, actriz, figurino, filmagem, videomaker, melhor fotografia de cinema, entre outras.
O responsável avançou que os filmes a serem exibidos são provenientes da maioria dos países da CPLP, com excepção de Cabo Verde e Guiné Equatorial, já Angola e o Brasil são as nações com o maior número de filmes inscritos com 12 e seis, respectivamente.
Os restantes países como Portugal, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau e Timor-Leste participam do festival com menos de cinco filmes seleccionados cada.
Especial Cinema Infantil De acordo com o director do evento, diferente das anteriores, nesta edição o festival vai contar com uma sessão especial de cinema infantil, como uma forma de promover o cinema infanto-juvenil nacional e tornar o festival inclusivo para crianças, adolescentes e famílias em geral.
Afirmou que a iniciativa da sessão infantil, que decorrerá nos finais de semana, visa, por outro lado, despertar nas crianças o interesse pelas artes cénicas e aproximá-las ao “mundo cinematográfico”, fazendo com que estas tenham acesso a conteúdos educativos e inspiradores.
Paralelamente à programação voltada ao universo do cinema, durante os sete dias de festival, serão desenvolvidas outras actividades atractivas e recreativas como workshops, debates, exposição fotográfica, partidas desportivas, oficinas de artes e tantas outras.
Serão ainda realizadas acções filantrópicas como distribuição de sopa solidária, materiais não perecíveis, roupas, donativos, e outros produtos que a organização vai angariando por parte dos convidados e participantes.
Homenagem a Abel Couto
Nesta que será a quinta edição do festival realizado geralmente no âmbito das festividades da cidade de Luanda, o Fesc-Kianda vai homenagear o cineasta e realizador angolano Abel Couto, pelo seu contributo para o surgimento e desenvolvimento do cinema em Angola.
“Não existe presente sem passado; para hoje conseguirmos ter um cinema nacional, foi porque existiram pessoas que marcaram os primeiros passos, e Abel Couto faz parte da primeira geração dos cineastas angolanos.
É alguém que deu bastante contributo em prol do cinema e da televisão em Angola”, justificou o responsável.
Vânio de Almeida acrescentou que o homenageado é uma figura que não só produziu filmes, como também formou muitos actores e cineastas que hoje têm dado o suporte para que o cinema nacional, apesar das dificuldades e limitações, se mantenha “vivo” e com alguma notoriedade.
Na sessão de homenagem, explicou, serão exibidos alguns trechos de filmes produzidos por Abel Couto, assim como uma série de mensagens honrosas e depoimentos de pessoas que já trabalharam com o conceituado produtor e realizador.
Sobre o Fesc-Kianda
O Fesc-Kianda é um festival de cinema nacional e internacional, que procura premiar as curtasmetragens produzidas de Janeiro a Novembro de cada ano, realizado, anualmente, no âmbito das festividades da cidade de Luanda. A primeira edição realizou-se em 2020, com 15 categorias e mais de 20 filmes concorrentes.
No ano seguinte deu-se a segunda edição que homenageou a realizadora angolana Maria João Ganga, pelo contributo prestado à cultura, com a realização do premiado filme “Na cidade vazia”, em 2004.
Na sua terceira edição, o homenageado foi o cineasta angolano Nguxi dos Santos, vencedor em 2015 — com José Rodrigues — do Prémio Nacional de Cultura e Artes na categoria de cinema e audiovisual, com o documentário “Langidila”.
Já na última edição, o festival procurou homenagear o cineasta angolano Asdrúbal Rebelo, um dos poucos que pertence à lista da primeira geração de realizadores angolanos (1975-1985), e que continua no activo até aos dias de hoje, à semelhança de Óscar Gil.
Asdrúbal Rebelo é membro fundador da Associação Angolana de Profissionais de Cinema e Audiovisual (APROCIMA), onde exerceu a função de presidente da direcção, e é actualmente quadro sénior daquela organização cinematográfica.