As duas partes confirmaram que foi alcançado um acordo, que deverá ser aprovado pelo Conselho Executivo do FMI e implementado após a apresentação de “novas metas” no final de Janeiro
Num comunicado conjunto, destacaram que o programa de estabilização económica da Argentina “se desviou gravemente” e que as metas para o défice fiscal “não foram cumpridas por uma margem ainda maior”.
O FMI recordou ainda que “os objectivos no que toca às reservas internacionais líquidas não foram cumpridos, com desvios em relação ao objectivo de final de ano de cerca de 15 mil milhões de dólares (13,7 mil milhões de euros)”.
O organismo multilateral disse apoiar “os fortes esforços políticos das novas autoridades para restaurar a estabilidade macroeconómica” e assim poder ajudar a Argentina “a satisfazer as necessidades da sua balança de pagamentos”.
O economista ultraliberal Javier Milei venceu as eleições presidenciais de Novembro e foi empossado presidente da Argentina a 10 de Dezembro.
Durante o período de transição, em Dezembro, Milei teve de recorrer a um empréstimo de curto prazo do Banco de Desenvolvimento da América Latina de 960 milhões de dólares (874 milhões de euros) para pagar os vencimentos de 21 de Dezembro.
Após a confirmação do acordo, o ministro da Economia, Luis Caputo, indicou, numa conferência de imprensa, que o FMI estaria aberto à possibilidade de um novo acordo.
No entanto, disse que o executivo acredita que “é hora de o país resolver os seus problemas financeiros solucionando os seus problemas estruturais subjacentes, que é o seu vício pelos gastos públicos excessivos”.
A Argentina enfrenta graves desequilíbrios macroeconómicos, que incluem, além da falta de reservas externas, o défice fiscal e uma inflação muito elevada, cujos dados de Dezembro serão conhecidos hoje[ontem], mas que provavelmente fechará 2023 muito perto dos 200%.
Milei, que se define como um “anarcocapitalista” – uma corrente dentro do liberalismo que aspira a eliminar o Estado – implementou uma série de medidas para desregulamentar a economia, que nas últimas décadas tem sido marcada por um forte intervencionismo estatal.
Entre as medidas anunciadas estão uma desvalorização de 50% do peso argentino, cortes nos subsídios à energia e aos transportes e o encerramento de alguns ministérios.