Casas desabadas, bens móveis destruídos e centenas de vidas ao relento. Esta é a consequências do transbordo do rio Dande na sequência da abertura de duas comportas do aproveitamento hidroeléctrica das Mabubas, arredores de Caxito. As necessidades são gritantes para minimizar o prejuízo. O Governo Provincial do Bengo adiantou-se com a distribuição de lotes de terrenos para albergar os sinistrados que, neste momento, carecem de tudo para recomeçarem a vida destruída pelas águas
Recomeçar tudo do zero. É assim que Domingas Cristovão terá de enfrentar a vida, daqui para frente, depois de perder tudo com as inundações causadas pela abertura das comportas da barragem do Rio Dande. Domingas faz parte do grupo de 300 moradores dos bairros do município do Dande que viram tudo a perder com as águas que os invadiu e causou danos materiais avultados.
Hoje, a casa de adobe de Domingas se resume a simples escombros depois de ter desabado na semana finda, sem, no entanto, causar danos físicos a ela e aos filhos que, actualmente, estão em paradeiros incertos. “Depois da casa se ter destruído, tive de enviar os miúdos a Luanda. Nos primeiros dias ficaram em casa de uma cunhada.
Mas agora não sei se continuam lá ou se já foram para um outro lugar, uma vez que estou sem telefone, tudo ficou mais com- plicado ainda”, lamentou. Assim como a grande maioria dos sinistrados, aquando das enchentes e com o desabar da residência, Domingas não teve tempo de retirar nada, nem mesmo os 40 mil kwanzas do negócio que guardava em casa depois de mais um dia de venda.
“Só tivemos tempo de pegas as crianças e fugir, porque a água estava a ultrapassar os joelhos. Tam- bém só tivemos sorte de ter sido de dia. Porque se fosse à noite deviam só já vir recolher os nossos corpos “, lamentou com tristeza.