Destacada pela abordagem única à linguagem, onde a função poética predomina, a noveleta “‘542 Anos em Coma”, do escritor David Gaspar sagrou-se, no último fim-de-semana, campeã da primeira edição do Prémio Literário GGMF/2023.
Na obra, refere a nota da organização, David Gaspar narra a história envolvente de meninos de rua, protagonizada por ‘o menino de meias palavras’ que, em companhia da sua amiga Esperança, apresenta ao mundo a sua realizada de vida, repleta de dificuldades e virtudes, mantendo acesa a chama da esperança (em dias melhores), perspectivas e sonhos para o futuro.
Numa votação composta por cinco jurados, quatro votaram a favor da novela de David Gaspar, frisando que a obra diferencia-se das demais pela estética literária, abordagem e escrita peculiar, consolidando uma victória merecida.
Segundo a organização, a habilidade técnica e a riqueza do enredo tornaram a obra de David Gaspar a mais destacada entre as concorrentes, justificando a sua posição privilegiada na premiação literária.
A narrativa, que se observa na obra, explora o tempo e as jornadas das personagens em busca de significado no espaço que habitam, oferecendo ao leitor uma estória cativante, ilustrativa, emocionante e ao mesmo tempo que convida a uma reflexão profunda sobra a situação dos meninos de rua que se encontram espalhados um pouco por todo o canto dos principais centros urbanos de Luanda.
Mais de 40 obras concorrentes
Nesta que foi a primeira edição do Prémio Literário GGMF, o corpo do jurado apreciou 48 obras concorrentes, estando em análise aspectos específicos como pertinência da obra, criatividade, capacidade de inovação, qualidade do enredo e respeito à língua, entre outros.
Assim, adianta o documento, na primeira fase o júri seleccionou 23 obras das 48 submetidas ao concurso, que, após serem analisadas e devidamente avaliadas, determinaram a obra vencedora.
Na nota colectiva, o corpo de jurado justificou a escolha sublinhando que “trata-se de uma novela com uma história interessante, em que predomina a função poética da linguagem.
O autor opta por uma recriação da prosa, isto no plano da sua estrutura externa, dando a ideia da morte das hierarquias, através do não uso das maiúsculas iniciais e da inexistência do ponto final como sendo a introdução de uma metáfora das continuidades”.
É como se fosse a história do tempo e das pessoas que procuram algo no espaço em que se movem, buscam, esperam e se cansam. “É, entre todas as outras, a obra tecnicamente mais bem conseguida, com argumento suficiente para justificar o lugar de número 1 da primeira edição do Prémio Literário GGMF”, reiterou o jurado.
Para o júri, o autor faz um jogo com nomes que representam virtudes como esperança, perspectivas e sonhos que dão vida ao futuro. Recorde-se que nesta edição a mesa de jurado foi composta por Edson Nuno (escritor, modelo e professor de literatura), Hélder Simbad (pesquisador e docente universitário), Estêvão Ludi (docente, jornalista, conferencista, investigador de assuntos literários e linguísticos), Edmira Cariango (assistente editorial e revisora na Mayamba, professora de literatura e membro do movimento Litteragris) e David Calivala (docente universitário, escritor e crítico literário).