Israel continuou a bombardear a devastada Faixa de Gaza essa Terça-feira, enquanto o movimento Houthi pró-palestiniano do Iémen prometeu desafiar uma missão naval liderada pelos EUA e continuar a atingir alvos israelitas no Mar Vermelho.
A campanha de Israel para erradicar os militantes do Hamas, responsáveis pelo massacre de 7 de Outubro, deixou o enclave costeiro em ruínas, provocou a fome e a falta de alojamento generalizadas e matou cerca de 20 mil habitantes de Gaza, de acordo com uma contagem palestiniana.
Sob pressão estrangeira para evitar a morte de inocentes, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, afirma que a guerra não vai parar até que os restantes 129 reféns sejam libertados e o Hamas seja destruído, depois dos seus combatentes terem morto 1.200 israelitas.
O conflito alastrou para além de Gaza e chegou ao Mar Vermelho, onde o grupo Houthi, alinhado com o Irão, tem atacado navios com mísseis e drones.
Esta situação levou à criação de uma operação naval multinacional para proteger o comércio na zona, mas os Houthis afirmaram que iriam continuar na mesma.
“A nossa posição não mudará em relação à questão palestiniana, quer seja estabelecida uma aliança naval ou não”, disse à Reuters o oficial Houthi Mohammed Abdulsalam, afirmando que apenas os navios israelitas ou os que se dirigem a Israel seriam visados.
“A nossa posição de apoio à Palestina e à Faixa de Gaza permanecerá até ao fim do cerco, a entrada de alimentos e medicamentos e o nosso apoio ao povo palestiniano oprimido permanecerá contínuo.”
Ao anunciar a operação naval, o Secretário da Defesa dos EUA, Lloyd Austin, disse que no Bahrein seriam realizadas patrulhas conjuntas no Sul do Mar Vermelho e no Golfo de Aden, que abrangem uma importante rota de navegação global. “Este é um desafio internacional que exige uma ação colectiva”, afirmou.
A empresa britânica de segurança marítima Ambrey disse, essa Terça-feira, que recebeu informações sobre uma potencial tentativa de abordagem a 17 milhas a Oeste da cidade portuária de Aden, no Iémen, acrescentando que o ataque não foi bem sucedido e que toda a tripulação estava em segurança. Algumas empresas de transporte de mercadorias estão a mudar de rota em torno de África.
MORTES AUMENTAM
Em Gaza, os últimos mísseis israelitas atingiram a zona Sul de Rafah, onde centenas de milhares de refugiados palestinianos se concentraram nas últimas semanas, matando pelo menos 20 pessoas e ferindo dezenas de outras, segundo as autoridades sanitárias locais.
Entre os mortos conta-se o jornalista palestiniano Adel Zurub e vários membros da sua família, segundo os médicos.
O número de jornalistas palestinianos mortos aumentou para 97, segundo o gabinete de imprensa do governo do Hamas. Outro ataque matou 13 pessoas e feriu cerca de 75 no Norte de Jabalia, disse à Reuters o porta-voz do Ministério da Saúde de Gaza, Ashraf Al-Qidra.
“Estamos estupefactos com o silêncio internacional perante os massacres cometidos pelas forças de ocupação israelitas no Norte de Gaza”, afirmou, acrescentando que a destruição de hospitais é uma prova de genocídio.
Um residente de Jabalia, que pediu para não ser identificado, disse pensar que os refugiados estavam a ser punidos por se recusarem a cumprir as ordens israelitas de abandonar a área.
“Não há comida, não há água, não há medicamentos e não há hospitais para levar os feridos e os doentes. As pessoas morrem nas suas casas e nas ruas”, acrescentou.