Vi ontem, em plena estrada da Samba, um grupo de jovens trajados com farda militar de campanha a efectuar alguns trabalhos de limpeza. Acredito que sejam mesmo militares. Não acredito que a semelhança dos uniformes sedeva ao usadia de uma entidade privada, embora seja possível.
Ao ver aqueles jovens, competentemente trajados, veio-me à memória a ideia de um quarto ramo das Forças Armadas. Lembro-me de ter lido sobre o assunto, mais detalhadamente, numa entrevista — ou conversa — que o malogrado general João de Matos, então chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, teve com Jaime Nogueira Pinto, o autor do livro “Jogos Africanos”, em que narra também alguns episódios que estiveram na fase da formação das FAA e o processo político em Angola.
Devido ao elevado número de efectivos e a consequente ociosidade a que muitos poderiam estar submetidos em tempos de paz, houve uma altura em que se conjecturava a hipótese de se criar então esse chamado “quarto ramo”. Seria, na verdade, um grupo que se poderia lançar para a realização de muitas tarefas em que o Estado tem investido enormes fortunas, muitas as vezes mesmo sem se observar os resultados inicialmente preconizados.
Sempre que uma determinada calamidade assola o nosso país, como as chuvas intensas que se fazem sentir em determinados pontos, a seca e até mesmo a COVID, com que tivemos de conviver, em muitos círculos se pergunta onde estão os efectivos das FAA, que poderiam, certamente, dar uma mãozinha e auxiliar todos os outros profissionais que estiveram na linha da frente. A nossa realidade socio-económica, apesar do calar das armas, ainda precisa — e muito — do patriotismo destes jovens militares em muitas áreas, como a saúde, ensino e a construção.
Por exemplo, devido à experiência que possuem no campo da construção, não seria de todo um mal se auxiliassem por exemplo na criação das vias em muitas áreas rurais do país. Nos últimos tempos, através do Programa Baluarte, consegue-se divisar uma maior participação das Forças Armadas em acções sociais e outras.
Mas, ainda assim, se possível, seria bom que se fizesse muito mais, porque experiência em muitos domínios é que não falta, muitas das quais comprovadas ao longo do tempo. À semelhança das imagens vistas na Samba, onde ainda acredito que se trate mesmo de militares, seria bom se víssemos nestes tempos de paz noutras áreas do país, principalmente aí onde as dificuldades são mais acentuadas.
Chamem-no o que quiserem. Quarto ou até mesmo um último ramo, o essencial é que não se desperdice o talento que existe e de sobra nos quartéis e noutras instituições castrenses. Há gente, capacidade e colectividade para ajudar o país a sair do mar de problemas em que nos encontra.