Está patente a exposição “Natureza Viciada” do fotógrafo angolano Luís Damião no Camões – Centro Cultural Português, em Luanda, em Luanda
A exposição é composta por duas instalações – uma de carácter imersivo e outra de produção colaborativa – e 22 composições fotográficas inéditas, concebidas pelo artista na aliança entre o documental e o conceptual.
Com curadoria de Jamil “Parasol” Osmar, a mostra resulta de um ensaio visual que o autor tem vindo a empreender desde 2019 através de um processo de expedição contínua a espaços visceralmente descaracterizados pela poluição decorrente da acção humana na cidade de Luanda.
Através de imagens onde é declarada a noção de contaminação, Luís Damião promove matéria e visualmente uma contemplação sobre o profundo impacto da actividade humana no delicado equilíbrio do ecossistema global.
Num corpo de trabalho que o artista transcendendo o domínio teorético, com a submersão nas consequências tangíveis do consumismo desenfreado que compromete a coexistência dos seres vivos.
Nesta paisagem apresentada pelo artista, as infraestruturas vivenciais se fundem numa combinação, onde a natureza e a humanidade “sucumbem entretecidas nos despojos da sociedade contemporânea de consumo, reiterando o princípio da construção de uma sociedade que prossegue, convicta e cega, fitando o progresso no horizonte, mas afluindo para a autodestruição, a desertificação e o ecocídio”.
A exposição que ficará patente até Fevereiro do próximo ano tem a direcção artística e produção da galeria de arte contemporânea luso-angolana This IS Not A White Cube, a primeira galeria africana em Portugal.
O espaço mantem uma profunda ligação com a África, não se centra exclusivamente nos círculos lusófonos, mas principalmente na estética emergente das produções artísticas e culturais do Sul Global.
Luís Damião
Luís Damião (Luanda, 1978) desenvolve o seu trabalho em torno da prática artística da fotografia.
O seu processo integra actualmente uma forte componente de experimentação e investigação, centrando-se no desenvolvimento de novos métodos técnicos de produção e apresentação.
As suas construções estéticas remetem frequentemente para o universo da fotografia documental, mas com recurso simultâneo a uma elaborada encenação de imagens.
A introdução desta perspectiva performativa resulta no esbatimento recorrente da fronteira entre o que é documental e o que é ficção e, habitualmente, sucede para enfatizar reflexões sobre experiências sociais e políticas no contexto urbano de Luanda.
Damião integra uma geração de artistas emergentes que lançaram perspectivas renovadas sobre o tema das composições tradicionais na era da tecnologia digital e da manipulação de imagens.