A Câmara Africana de Energia (AEC) rejeitou a redução gradual dos combustíveis fósseis no continente, após o acordo de transição energética alcançado na Cimeira das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas no Dubai
ACâmara Africana de Energia (AEC) rejeitou, Quarta-feira, a redução gradual dos combustíveis fósseis no continente, após o acordo alcançado na Cimeira das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP28), no Dubai, que inicia a transição energética nesse sentido.
“Os negociadores da COP28 estão a ceder à pressão do Ocidente, afirmando que África está aberta a uma abordagem da eliminação progressiva dos combustíveis fósseis”, afirmou o grupo de lobby do sector energético africano, com sede na África do Sul, num comunicado divulgado nesse dia.
AAEC “como voz do sector energético africano, deixa claro que isto não é verdade: os produtores africanos, mesmo os estabelecidos como emergentes, não estão dispostos a abrir mão” destes recursos, acrescentou.
A organização divulgou esta mensagem pouco depois de os mais de 190 países representados na COP28, que se realizou nas últimas duas semanas no Dubai, terem adotado, na ocasião, o “Equilíbrio Global”, o acordo com o qual aspiram reforçar a sua acção climática contra o aquecimento global.
Este pacto histórico, aprovado por consenso em plenário, apela aos Estados para que iniciem uma transição para além dos combustíveis fósseis, “de forma ordenada e equitativa, acelerando a acção nesta década crítica, a fim de se atingir a meta de zero emissões líquidas em 2050, de acordo com a ciência”.
Abrir um caminho para o abandono destes tipos de energia foi a prioridade desta cimeira para a União Europeia (UE) e outras economias industrializadas, bem como para países muito vulneráveis à crise climática, muitos deles localizados em África.
No entanto, a AEC lamentou que, embora o grupo de negociação africano tenha rejeitado a eliminação completa dos combustíveis fósseis, “afirmou que o continente estaria pronto para uma abordagem de redução gradual”.
“O petróleo e o gás serão a espinha dorsal do crescimento económico de África” “Em vez de lutar pelo mal menor, por que não defender o direito do continente de manter o petróleo e o gás no seu uso energético a longo prazo? Por que não defender o desenvolvimento económico?”, questionou aquela entidade.
A AEC considerou que “o petróleo e o gás serão a espinha dorsal do crescimento económico de África” e que a sua redução poderá afectar o desenvolvimento de países como Angola, Líbia ou Nigéria.
“Os produtores africanos não aceitaram nem aceitarão a elimina ção progressiva dos combustíveis fósseis. Ao contrário do resto do mundo desenvolvido, o continente ainda não teve a oportunidade de transformar as suas economias através do petróleo e do gás”, disse NJ Ayuk, presidente executivo da AEC.
Esta posição contradiz a dos activistas e organizações ambientais africanas, que apelaram à garantia da transição energética do continente.