A União Europeia (UE) e os países dos Balcãs Ocidentais voltam a reunir-se em Bruxelas, na Quarta-feira, numa cimeira para alinhar as políticas comunitárias de segurança, dado o contexto geopolítico mundial, visando uma integração gradual da região
Numa altura de tensões geopolíticas pelos quase dois anos de invasão russa da Ucrânia e pelos dois meses de intensos conflitos no Médio Oriente entre Israel e o grupo islamita Hamas, funcionários europeus afirmaram aos que esta cimeira UE-Balcãs será “um dos eventos mais importantes de todo o ano no domínio dos negócios estrangeiros, da segurança e da defesa” entre ambos os blocos.
“Será dado maior ênfase ao alinhamento com a PESC (Política Externa e de Segurança Comum da EU) e isto é extremamente importante neste ambiente geoestratégico cada vez mais complexo, no qual gostaríamos de prosseguir e reforçar ainda mais a parceria que estabelecemos ou lançámos”, indicaram as mesmas fontes comunitárias, falando na antevisão do encontro.
As prioridades desta cimeira são “construir parceiros e aproximá-los da UE e avançar na integração gradual, construir bases económicas sólidas para o futuro e combater o impacto negativo da guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia e reforçar a resiliência também através das questões fundamentais de segurança e defesa”, elencaram estes funcionários europeus, vincando a necessidade de “melhor preparação possível” nomeadamente face aos “incidentes cibernéticos em grande escala”.
A cimeira UE-Balcãs (com os 27 Estados-membros da União e também Albânia, Bósnia-Herzegovina, Kosovo, Montenegro, Macedónia do Norte e Sérvia) realiza-se um dia antes do início de um Conselho Europeu decisivo, no qual se discutirá a abertura de negociações formais com a Ucrânia relativamente a um futuro alargamento.
Questionadas sobre o eventual bloqueio às conversações de adesão com Kiev, as fontes europeias compararam: “Acho que alguns dos líderes dos Balcãs se sentirão um pouco como nos costumávamos sentir quando éramos crianças na véspera de Natal, querendo desesperadamente saber que prendas haverá debaixo da árvore”.
“É claro que, se posteriormente no final desta semana, formos capazes de fazer progressos e seguir algumas das recomendações que foram feitas pela Comissão relativamente à Ucrânia, à Moldova, à Geórgia e, em certa medida, também à Bósnia, penso que isso dará um impulso adicional à forma como a cimeira (UE-Balcãs) é encarada”, concluíram, dizendo esperar uma declaração final que reflicta “desenvolvimentos positivos que aconteceram nos últimos 12 meses”.
Quanto aos Balcãs Ocidentais, surgem de momento críticas no bloco comunitário sobre “dois pesos e duas medidas” relativamente ao processo de alargamento da UE, já que apesar de a União ter vindo a desenvolver uma política de apoio à integração progressiva, estes países encontramse há vários anos à espera de ‘entrar’.
Em 2013, a Croácia tornou-se o primeiro dos países dos Balcãs Ocidentais a aderir à UE, enquanto a Albânia, a Bósnia-Herzegovina, o Montenegro, a Macedónia do Norte e a Sérvia têm oficialmente o estatuto de países candidatos.
Entretanto, foram iniciadas negociações e abertos capítulos de adesão com o Montenegro e a Sérvia, além de que as negociações com a Albânia e a Macedónia do Norte foram iniciadas em Julho de 2022 e o Kosovo apresentou a sua candidatura à adesão em Dezembro de 2022.
Esta é a terceira cimeira UE-Balcãs, após uma na Eslovénia, em 2021, e outra na Albânia, em 2022.
Portugal estará representado neste encontro de alto nível pelo primeiro-ministro, António Costa, que há dias esteve nos Balcãs Ocidentais para compromisso de Portugal sobre o alargamento da UE à região.
A UE teve no ano passado um peso de 70% no comércio de mercadorias com os Balcãs.