Não foi a primeira vez. Nem a segunda. E pior de tudo é que não será a última tendo em conta o vendaval que se vai observando com a contínua destruição dos bens públicos, que custam ao erário muito dinheiro que seria aplicado noutros sectores. Em Novembro último, quando o esperado era que se comemorasse mais um ano de independência, ouvimos o ministro de Estado e Chefe da Casa Militar do Presidente da República, Francisco Pereira Furtado, classificando como sendo terrorismo os actos de sabotagem das torres de alta tensão. Houve quem tivesse encarado as palavras do ministro de Estado como sendo exageradas.
Para muitos, sobretudo nesta fase em que se vive a paz e as armas calaram, um acto do género merecia uma outra denominação, independentemente dos prejuízos em causa. Do outro lado, há os que mantêm a mesma tónica: o que se vai observando, dia após dia, não está distante de acções que podem e que vão criando insatisfação nas pessoas, principalmente àqueles que esperam pela energia eléctrica para desenvolver as suas actividades, incluindo as domésticas.
Aos poucos, vão surgindo responsáveis do Ministério da Energia e Águas, assim como técnicos em determinadas províncias que se queixam dos roubos de cantoneiras e cabos eléctricos existentes nos postes de alta tensão, que acabam cedendo e impedindo o fornecimento de energia na região Norte, Centro e até Sul do país. Por mais que os dirigentes ou técnicos do sector eléctrico vociferem, é conhecido o destino que é dado a muitos dos materiais que desaparecem das linhas de transporte.
Grande parte é encaminhada para as conhecidas casas de pesagem, muitas das quais detidas, sobretudo, por cidadãos estrangeiros. Além dos autores materiais, muitos dos quais jovens, alguns dos quais uma corrente da sociedade acredita que vandalizam os bens públicos por falta meios para sobrevivência, não nos podemos esquecer dos ‘autores morais’. São os que compram esses bens públicos e até incentivam com base nos preços que estabelecem.
Mais do que lamentar, é imperioso que as autoridades se concentrem em identificar e punir aqueles que têm sido os receptadores de todo o material e causando enormes prejuízos aos cofres públicos. Por isso, que as forças de defesa e segurança entre em cena, se necessário for.