As autoridades sanitáriasde Moçambique confirmaram, em menos de duas semanas, 1.100 novos casos de cólera, em quatro províncias do Norte e centro, que provocaram dois mortos, segundo dados oficiais a que a Lusa teve, ontem, acesso
O mais recente boletim sobre a progressão da doença, elaborado pela Direcção Nacional de Saúde Pública e com dados até 03 de Dezembro, confirma 12 mortos por cólera, contra 10 no balanço anterior, de 20 de Novembro (dois mortos registados em Nampula e Zambézia), e 5.452 casos, contra 4.339 na mesma data anterior, um aumento de 1.113 casos da doença.
Desde o início do actual surto de cólera em Moçambique, em 14 de Setembro de 2022, o país regista cerca de 40.000 casos da doença e 153 mortos.
Nos boletins sobre a progressão da doença, as autoridades sanitárias passaram a contabilizar apenas dados desde 01 de Outubro de 2023, com a província de Nampula a liderar, com 2.056 casos que provocaram quatro mortos, seguindo-se Tete, com 1.313 casos que provocaram seis mortos, Zambézia, com 1.142 casos e um morto, e Cabo Delgado, com 743 infetados e um morto.
Actualmente, há cerca de uma dezena de distritos do Norte e centro do país considerados em risco, face aos surtos locais de cólera.
A evolução destes surtos foi abordada pelo Conselho de Ministros na reunião ordinária de 21 de Novembro, em Maputo, com a portavoz do órgão, Ludovina Bernardo, a recordar que a taxa de mortalidade está actualmente em 0,2% (que se mantém actualmente) dos casos, apelando à adopção de medidas de higiene por parte da população.
“Até este momento, a apreciação do impacto é positiva, por isso não foi ainda necessário declarar situação de emergência”, acrescentou Ludovina Bernardo, no final da reunião.
O Governo moçambicano anunciou a 07 de Novembro o envio de brigadas para quatro províncias do país afectadas pela cólera, visando monitorizar a situação e procurar soluções para travar a doença, um dia depois do anúncio de surtos em alguns distritos.
As brigadas seguiram para Nampula e Cabo Delgado (no Norte do país) e Zambézia e Tete (no centro), províncias que “dão sinais da necessidade de uma abordagem mais acutilante sobre a eclosão de vómitos e diarreias”, associados à cólera, indicou na altura o Governo.
A cólera é uma doença que provoca fortes diarreias, que é tratável, mas que pode provocar a morte por desidratação se não for prontamente combatida.
A doença é causada, em grande parte, pela ingestão de alimentos e água contaminados, sobretudo devido à falta de redes de saneamento.
Em Maio, a Organização Mundial de Saúde (OMS) alertou que o mundo terá um défice de vacinas contra a cólera até 2025 e que mil milhões de pessoas em 43 países podem ser infectadas com a doença.
Já em Outubro, a OMS apontou Moçambique como um dos países de maior risco.