Um vídeo do Presidente Luiz Inácio ‘Lula’ da Silva, na fase em que se encontrava encarcerado por suspeitas de corrupção, foi colocado a circular por estes dias devido às críticas que o político faz em relação aos americanos.
Na altura, dizia o actual Presidente do Brasil que a solução do povo brasileiro não passava nunca pelos Estados Unidos da América, porque este país pensa em primeiro, segundo, terceiro, quarto e quinto lugares nos cidadãos norte-americanos. Não há qualquer inconveniente se assim for.
Qualquer país, independentemente das relações que mantém com outros, terá, claramente, como ponto de partida os seus próprios cidadãos, como, aliás, acontece, seguramente, com Angola e quem o dirige, no caso o Presidente João Lourenço.
Apesar da sua importância estratégica, devido aos frutos que a mesma encerra, muitos dos que rebuscaram o vídeo — e o partilham nas redes sociais — procuram, de algum modo, reduzir os efeitos que podem surgir do encontro entre os dois estadistas, nomeadamente João Lourenço e Biden, quando se avistarem hoje na Casa Branca, em Washington.
Da agenda consta, entre outros pontos, a abordagem de temas como a relação bilateral com foco no comércio, investimentos, clima e energia e ainda o projecto do “Corredor do Lobito”.
Aliás, alguns deles acabaram por ser mencionados de forma voluntária pelo próprio líder norte-americano em alguns eventos internacionais.
Por conseguinte, mais do que uma mera operação de charme, existem, sim, fortes indicadores que apontam para um encontro profícuo se se tiver em conta os interesses dos dois Estados.
Do lado angolano, como não poderia deixar de ser, há vários pontos de interesse, um dos quais é falado até mesmo pelos cidadãos que pouco percebem de economia: a questão das divisas.
Acossado durante largos anos pela presença chinesa, nos últimos anos, sobretudo já na era João Lourenço como Presidente da República, verificou-se um aumento significativo de investimento norte-americano.
E há fortes indicadores de que possam aumentar, uma vez que o actual embaixador em Angola, Tulinabo Mushingi, acredita fortemente nesta possibilidade.
Por isso, hoje estará em jogo pelos corredores da Casa Branca os interesses norte-americanos e os angolanos, principalmente aqueles que podem ajudar a impactar directamente na melhoria da vida dos angolanos, com investimentos directos que poderão aumentar os postos de trabalho, alavancar o crescimento e o desenvolvimento do país.
Daí a importância desta visita do Presidente João Lourenço, ciente, certamente, de que serão sempre os angolanos a traçar o próprio destino, reconhecendo-se o papel que os EUA jogam no mundo.