Vivemos hoje na era do conhecimento, em que os recursos humanos se tornaram o centro das preocupações de muitos Estados, que estão a realizar significativos investimentos públicos para potenciar quadros em várias áreas do saber.
Não há país no mundo que tenha atingido o desenvolvimento social sem grandes investimentos também na área do desporto.
A formação de recursos humanos é uma questão incontornável, na medida em que sem capital humano não podemos concretizar projectos que nos levem a um elevado patamar competitivo a nível interno, africano e mundial.
Felizmente, já temos bons exemplos, principalmente no andebol, onde as principais selecções e clubes de proa em várias categorias têm no comando treinadores angolanos, e mesmo assim continuam a conquistar títulos continentais e a fazer autênticos brilharetes em campeonatos mundiais.
Não somos contra a presença de treinadores estrangeiros, pelo contrário, achamos importante para o processo de desenvolvimento e maturação competitiva das equipas nacionais.
Entretanto, é imperioso que as diferentes instituições desportivas capacitem os treinadores angolanos, com superações constantes e cursos avançados sobre técnicas e treinamento desportivo.
O histórico das maiores conquistas do futebol angolano estão ligados a treinadores angolanos, como Oliveira Gonçalves que qualificou os Palancas Negras para o Mundial 2006, venceu o CAN Sub-20 na Etiópia e, em 2001,levou o Interclube à final da Taça da Confederação, diante do Kaizer Chiefs.
Oliveira Gonçalves e Mário Calado também conquistaram a Taça Cosafa ao serviço da Selecção Nacional. É incompreensível que até agora Angola tenha apenas três treinadores de futebol com licença “A”, capacitados para orientar em competições da FIFA.
Por mais que se tenta justificar esta situação, não encontro sustentação para tamanha aberração, quando países como Moçambique tem mais de cinquenta treinadores licenciados no grupo de elite da FIFA.
O basquetebol é das modalidades com mais troféus conquistados em África, muitos dos quais sob comando de treinadores angolanos, tanto em Selecções como em clubes.
Não é normal que treinadores do quilate de Ginguba, Paulo Macedo, José Carlos Guimarães, Raúl Duarte, Necas, Carlos Dinis e tantos outros tenham perdido protagonismo na modalidade, muitos dos quais atirados para a sua sorte.
O nosso processo de desenvolvimento desportivo requer políticas audazes que levem os treinadores nacionais a se sentirem realmente parte da solução dos grandes problemas que enfermam o desporto nacional.
Os treinadores angolanos têm a grande responsabilidade de colocar os seus conhecimentos ao serviço das diferentes modalidades desportivas.
Por: LUÍS CAETANO