O segundo dia dos trabalhos do Fórum Pan-Africano para Cultura de Paz e Não-Violência, que Luanda acolheu durante três dias, ficou marcado por debates em torno de vários temas que têm impactado o continente africano
Para as oradoras que debateram, ontem, “O Papel das Mulheres nos Processos de Paz, Segurança e Desenvolvimento”, a participação da mulher nestes constitui ainda um grande desafio no continente africano.
O painel sobre o papel da mulher nos processos de paz contou com figuras como Luzia Inglês, general reformada das Forças Armadas Angolanas, Bineta Diop, enviada especial do presidente da Comissão da União Africana para as Mulheres, Paz e Segurança, Lindiwe Sisulu, ex-ministra da Defesa da África do Sul, e Suzi Carla Barbosa, conselheira do Presidente da Guiné -Bissau para Política Externa.
Na ocasião, as participantes defenderam a criação de uma resolução que irá empoderar as mulheres no continente. Para Suzi Carla Barbosa, todos os países devem respeitar ao máximo a Carta Africana, que estabelece a inclusão da mulher em todos os processos da vida política, económica, social e cultural. Já a veterana angolana Luzia Inglês “Inga” considera as mulheres as principais embaixadoras pela paz e sublinha que, apesar dos vários feitos já alcançados, os resultados continuam distantes do esperado.
As mulheres entendem que as políticas sobre a inclusão do género devem ser implementadas na sua plenitude e não pela metade. A comissária da União Africana para Agricultura, Desenvolvimento Rural, Economia Azul e Ambiente Sustentável, Josefa Sacko, considerou a paridade a melhor ferramenta para se atingir o progresso. “É um processo que estamos a percorrer.
Aconselho as nossas jovens raparigas para que tenham a educação como sua prioridade. As nossas meninas têm que se capa- citar, porque o segredo de chegar a lugares cimeiros é a qualificação”, disse, defendendo reformas nos sistemas de ensino africanos. A terceira edição da Bienal de Luanda encerra hoje, tendo decorrido sob o lema “Educação, Cultura de Paz e Cidadania Africana como Ferramentas para o Desenvolvimento Sustentável”.
O evento, organizado pela União Africana, UNESCO e pelo Governo angolano, reuniu chefes de Estado e antigos chefes de Estado de vários países africanos, servindo de voz permanente da União Africana para a construção do diálogo intergeracional, o encontro de culturas e povos e o intercâmbio de visões entre os seus diferentes actores, nomeadamente políticos, jovens mulheres, académicos, cientistas, artistas, sociedade civil e agentes económicos, proporcionando uma oportunidade enriquecedora de debates, ideias e reflexões, no quadro do pluralismo dos cidadãos de todo o continente africano.