Sérgio Dindanda, um dos administradores executivos da Empresa Nacional de Distribuição de Electricidade (ENDE), em entrevista exclusiva ao jornal OPAÍS, fez uma incursão sobre os danos financeiros de que a organização tem sido alvo por conta dos actos de vandalização que têm ocorrido nas linhas de distribuição de energia eléctrica no país. O responsável lamentou a realidade e revelou que, desde 2016, os prejuízos com a reposição de meios se fixaram em nove mil milhões de kwanzas
Qual é o quadro actual que pode descrever a respeito dos actos de vandalização que afectam os equipamentos de distribuição da ENDE?
Nós, em termos de risco, podemos dizer que já atingimos a linha vermelha. Quer dizer que é um risco muito alto, tendo em conta este fenómeno que a ENDE começou a registar em 2016. Em 2016, verificamos que eram roubos de cabos, destruição de alguns armários de distribuição e, também, vandalismo de postos de seccionamento.
De 2017 para 2018, penso que se aperceberam de acção de vandalismo que ocorreu na cidade da Camama, onde foram movimentados alguns sectores ministeriais. Estiveram presentes o Ministério da Energia e Água, o Ministério do Interior e o Ministério das Obras Públicas, para, em conjunto, analisarem o fenómeno que estava a ocorrer. Isso, porque tinham sido vandalizadas novas infra-estruturas construídas para atenderem aquela zona, as novas habitações que, neste momento, estão a ser erguidas naquele lado. Tão logo que foram electrificadas aquelas instalações, verificámos vandalismo na ordem de 75%.
Estas situações, certamente, preocupam a ENDE?
Isso chamou-nos atenção e criou-se uma comissão em que esteve a Polícia Nacional, a área de investigação criminal e também esteve presente a ENDE, no sentido de poder analisar melhor o que estava a ocorrer. Dali, começou exactamente a preocupar a empresa, tendo em conta os custos que estavam a acarretar aquela destruição feita pelos vândalos. Com isso, tivemos de passar em acções de apelo e mobilizar ou sensibilizar a população relativamente ao momento que estávamos a viver. Isto foi de 2017 para 2018. Mas, depois, verificámos que, em 2019, mudaram de acção e começaram a vandalizar a rede de iluminação pública. De 2019 para 2020, verificámos a destruição de todos os apoios de iluminação pública na zona da Camama e avançaram também com a vandalização da rede de iluminação pública da via Comandante Fidel de Castro. Como se trata de uma circular extremamente importante para as populações que vivem tanto no Kilamba, Sequele, Zango, Vida Pacífica como Viana, houve necessidade de repormos.
Mas, esta reposição teve custos financeiros?
Isso, exactamente, em 2020. Estamos a falar só em termos de custos que a empresa teve, de cerca de 3 mil milhões de kwanzas, naquela altura. Significa que, tendo em conta que são infra-estruturas essenciais para a população e também para manter a continuidade do fornecimento de energia eléctrica, a ENDE teve de trabalhar, no sentido da sua reposição.