Um cidadão nacional, de 23 anos, decidiu partir para actos de agressão contra a sua própria tia, desferindo vários golpes à vítima, primeiro, com as mãos, e, depois, com os dentes, cortando parte das bochechas. A tia perdeu a vida e o Serviço de Investigação Criminal (SIC) procedeu à detenção do implicado
Os factos aproximam-se de actos de canibalismo. O cidadão em causa escolheu a terça-feira, 7 de Novembro, para consumar as suas práticas delituosas, que tiveram palco no município de Talatona, distrito urbano da Cidade Universitária. A história narrada pelo SIC- Luanda tem marco à meia-noite do dia supracitado, numa altura em que a vítima, de 49 anos, Helena António Martins, se encontrava a repousar das actividades agrestes do dia.
Não se sabe o que ocorreu antes desse momento entre a tia e o sobrinho. Há um vazio que foi deixado para trás. Mas o facto é que, no interior de uma residência situada no bairro Nova Esperança, num instante, e impiedosamente, o acusado deu início a agressões contra Helena Martins, de acordo com o director do Gabinete de Comunicação Institucional e Imprensa do SIC-Luanda, superintendente-chefe de investigação criminal Fernando Carvalho.
O implicado, cujo nome não foi revelado, cerrou as mãos, formando um punho, e, assim, golpeou a vítima. Acto contínuo, mordeu a malograda por um número de vezes impreciso na região da bochecha, chegando a arrancar parte daquele órgão humano, o que, pela hemorragia, causou morte imediata a Helena. “Tudo aconteceu quando o acusado, aproveitando que esta [a tia] se encontrava a dormir, surpreendeu-a e, num instante, sem dó, começou por agredila, desferindo vários golpes com o próprio punho, e, acto contínuo, mordeu-a vezes sem conta na região da bochecha, arrancando parte do tecido humano, causando hemorragia, que levou a lesada a sucumbir no local”, contou.
O suposto homicida, apercebendo-se de que a sua tia estava sem vida, e de formas a livrar-se do corpo, engendrou estratégias para montar um crime perfeito. “Arrastou-a até à rua”, acrescentou Fernando Carvalho. “Não existem crimes perfeitos”, ditam as ciências criminais. Neste caso, a imperfeição do acto residiu no facto de o acusado ter sido avistado por vizinhos, quando carregava a tia para o exterior da casa. Foi questionado as causas que o levaram a agir neste sentido.
Porém, em resposta, alegou que iria levar a sua tia ao hospital, pelo facto de que, mentiu, a vítima não estava bem de saúde. A narrativa não foi acolhida pela vizinhança, que notou a ausência de sinais vitais no corpo de Helena Martins. Com todas as evidências voltadas para acção criminal, o porta-voz desse órgão forense em Luanda referiu que os operacionais do SIC-Talatona se desdobraram em acções operativas que culminaram com a detenção do acusado no mesmo dia. Eram 6 horas quando o suspeito foi detido, para, posteriormente, ter sido apresentado ao Ministério Público e ao juiz de garantias que aplicou a medida de coação mais gravosa, a prisão preventiva.
Número de casos de violência preocupa SIC Depois de detido, o acusado foi, ontem, apresentado à imprensa pelo SIC-Luanda, através da sua Direcção Municipal de Investigação Criminal do Talatona, no pátio do Comando Municipal do Talatona, onde o porta-voz manifestou a preocupação do seu órgão pelo elevado número de casos de violência doméstica na capital do país.
“O SIC-Luanda, através do seu Departamento de Violência Doméstica, tem-se mostrado bastante preocupado com o elevado número de casos de violência e apela à população em geral a não baixarem a guarda e denunciarem estes agressores”, apelou. Os familiares da malograda, que, igualmente, são do implicado, compareceram à apresentação pública e, visivelmente emocionados, clamaram por justiça aos órgãos de direito.