Profissionais da música, dança, teatro, artes plásticas, cinema e literatura anseiam, há mais de quatro décadas, pela criação de uma política estruturante que contribuiria para elevar os seus talentos além-fronteiras, gerando maiores rendimentos
Ao falar do desenvolvimento da música angolana nestes 48 anos de independência, Dom Caetano refere que esta arte também foi atingida pelo conflito armado que espoletou logo a seguir à proclamação da independência nacional, em 1975. Durante algum tempo os músicos foram obrigados a envolverem-se naquilo que era a mobilização, sensibilização junto das populações, com vista à salvaguarda da conquista da independência.
Por ocasião da conquista da paz, em 2002, altura em que todo o movimento musical estava praticamente estagnado, um pouco mais adiante já se conseguiu uma evolução mais equilibrada da música nacional: emergiram muitos artistas da nova geração, fazedores da música popu- lar urbana, noutros estilos músico-cultural como W&B, Kuduro, um movimento que cresceu ao longo dos quase que 25 anos.
O músico, nesta área há mais de 40 anos, explica que este movimento deu muitas valências ao mercado mas, comparando com aquilo que é a indústria cultural não se desenvolveu. Com base nisso, refere que há uma carência de estúdios de gravação, sendo que as produtoras que se mantêm o fazem com os seus próprios meios, sem o suporte de uma instituição, seja bancária ou de carácter económico, para poderem potenciar-se, por formas a desenvolver o mercado cultural interno.
“Houve um período muito envolvente por parte dos agentes culturais, promotores e produtores de espectáculos mas tudo no âmbito das realizações de carácter politico; independência, as festas do MPLA. Portanto, não houve em termos de indústria uma grande evolução”, patenteou. Dom Caetano observa que a pi- rataria foi ‘admitida’ no mercado ao longo destes anos todos, onde a luta contra a sua contrafacção não teve um pendor de coesão que pudesse considerar capaz de travar este movimento ao nível das artes.