O aumento da produção de arroz em grande escala, pelo país, é a principal aposta do Executivo na campanha agrícola 2023/2024. Para o economista Paulo dos Santos, trata-se de uma medida acertada que precisa ser materializa
Com o fomento da produção de arroz nas províncias do Cuando Cubango, Bié, Malanje e Moxico, o Executivo vai poupar divisas, ao mesmo tempo que a medida vai impulsionar a actividade dos pequenos e grandes produtores, que passarão a produzir mais.
A opinião é do economista Paulo dos Santos, para quem a decisão peca por tardia, uma vez que o país possui terras, recursos hídricos e pessoas dispostas a trabalhar a terra.
“Com a iniciativa do aumento da produção do arroz, mais famílias estarão engajadas na produção deste cereal que faz parte da cesta básica dos angolanos.
Vamos guardar mais divisas e isso vai criar algum ânimo e criar postos de emprego”, frisou, em declarações ao jornal OPAÍS. Acrescentou de seguida que, “como o Executivo elegeu o arroz como prioridade, estamos em crer que vai investir para aquisição de máquinas para o descasque, que é um dilema para os produtores que existem pelo país”.
A medida, prossegue o economista, é um claro indicador de que não existem perspectivas animadoras em relação ao crescimento económico para o próximo ano e visa cortar a importação deste produto.
Quanto ao fenómeno da compra de grandes quantidades de feijão em Angola, por parte de cidadãos do Congo Democrático, considerou ser positivo, argumentando que “se os congoleses democráticos conseguem comprar o nosso feijão, com a inflação que ele já tem, decorrente da compra dos insumos, do combustível e das máquinas de rega importadas, é bom para nós. É um indicador que o produto tem no mercado”, assinalou.
Abrandamento da economia
Acrescenta que, em termos macroeconómicos, e se o Estado não for ousado, fazendo investimentos suficientes, vamos ter um abrandamento económico, sobretudo com os níveis de inflação a que se assiste e que já provocou a perda do poder de compra.
Olhando para o próximo Orçamento Geral do Estado, que está já a ser tratado a nível da Assembleia Nacional, para ser aprovado até Dezembro, refere que os custos com gastos são necessários, mas é preciso ter cautelas quando se fala em cortes das despesas.
“Há eventos mundiais em que o Estado precisa de estar bem representado, com delegações a altura do evento.
É aí que digo que temos que ter cautelas quando levantamos esse tema dos cortes das delegações”, disse.
Explica que, quando esteve em Angola na sua mais recente visita, o Presidente do Brasil, Luís Inácio Lula da Silva, chegou ao país com uma delegação com mais de 100 elementos.
“Para alguns, pode ser um número exagerado, e para outros não. A composição das delegações pode ser uma demonstração da importância que se dá numa relação bilateral”, considerou.