O Presidente em exercício da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), João Lourenço, apelou, ontem, que sejam levantadas todas as formas de sanções impostas à República do Zimbabwe
O O líder regional afirma que os Estados membros desta organização continuam dispostos a apoiar, através dos meios necessários, o levantamento sério das sanções impostas a este país africanos e, por outro lado, que acreditam que a humanidade que partilham enquanto comunidade mundial guiará todos os intervenientes relevantes a tomarem medidas concretas neste sentido.
“Já se passaram mais de 20 anos desde a imposição destas sanções direcionadas, duas décadas marcadas pela incapacidade do povo do Zimbibwe de atingir plenamente o seu potencial em vários sectores como Nação”, lê-se numa nota assinada pelo também Presidente de Angola, a que o jornal OPAÍS teve acesso.
Na referida declaração, reafirmou a solidariedade desta organização regional para com o Governo e o povo do Zimbabwe.
“Este apelo da SADC para o levantamento imediato das sanções impostas à República do Zimbabwe tem como pano de fundo a preocupação crescente com o impacto que estas sanções continuam a ter n no país e a região”, lê-se no comunicado.
João Lourenço diz que, enquanto família regional, a SADC concorda firmemente que as sanções dirigidas a algumas individualidades do Zimbabwe têm um impacto no país.
No seu ponto de vista, esta realidade, que não é nova para a comunidade internacional, prejudica a imagem deste país africano e limita o seu potencial de acesso aos mercados financeiros e de capitais.
Sublinhou que a dimensão deste bloqueio ao crescimento socioeconómico do Zimbabwe no que respeita à subsistência do seu povo “representa uma atrocidade dos tempos modernos que nós, enquanto família da SADC, consideramos ser um impedimento que deixa um dos nossos membros para trás na busca comum pela integração, crescimento e prosperidade”.
O Presidente em exercício da SADC afirmou que a sua organização reitera o seu desejo de que a comunidade internacional tenha em conta o relatório da relatora especial da ONU sobre o impacto negativo de medidas coercivas unilaterais sobre os direitos humanos, Alena Douhan, aquando da sua visita ao Zimbabwe.
De realçar que a diplomata da ONU propôs o levantamento destas sanções, no âmbito dos princípios fundamentais do Direito Internacional.
“O nosso apelo para o levantamento das sanções contra o Zimbabwe é feito como um pedido firme à comunidade internacional para uma nova retórica, uma nova história e uma nova direcção para o país”, diz.
Acrescenta de seguida que “o levantamento incondicional das sanções criará condições para que o Zimbabwe e a região da SADC consolidem os seus esforços colectivos no sentido de impulsionar o crescimento nacional e regional e de se desenvolverem substancialmente nos domínios críticos da boa governação, dos direitos humanos e da coesão social”.
João Lourenço sublinha que cabe, portanto, a todas as partes interessadas fazer a sua parte para rever o discurso a favor do Governo e do povo da República do Zimbabwe.
Analisando o contexto actual, realça que, numa altura em que as inseguranças globais colocam a segurança alimentar e outros desafios pertinentes ao Continente africano e à região da SADC, as sanções impostas ao Zimbabwe criam uma alarmante ameaça dupla aos meios de subsistência e à sobrevivência do seu povo.