Um estudo recente da Deloitte aponta que há um aumento significativo da procura de electricidade em virtude do crescimento populacional, da urbanização e do desenvolvimento económico
Numa altura em que o consumo percapita duplicou entre 2010 e 2020, com base nas previsões de crescimento populacional, a procura de energia em Angola poderá aumentar 25% até 2030. O consumo energético é, ainda assim, relativamente baixo em comparação com outros países da região. O estudo aponta que apenas metade da população no país tem acesso a fontes de energia limpa para cozinhar e em várias províncias não se cumpre com a taxa mínima de electrificação definida pelo Governo, que é de 20%.
De acordo com o estudo apresentado na abertura da Africa Oil Week, na conferência inter- nacional, Angola deve reinvestir as receitas dos combustíveis fósseis no processo de transição para as energias renováveis. O documento sublinha que Angola pretende investir, substancialmente, na produção de energia renovável, incluindo a energia solar, a eólica e a hidro- eléctrica, para fazer face à pro- cura crescente e diminuir os actuais custos elevados da electricidade. A quota de energias renováveis no mix energético de Angola até 2030 deverá atingir os 70%, de acordo com as intenções do Governo.
Por outro lado, sendo um dos maiores produtores de petróleo de África, Angola depende deste combustível fóssil como fonte primária de energia, de divisas e de financiamento. Contudo, o declínio da produção petrolífera que se assiste nos últimos anos aumentou o interesse das autoridades nacionais pela prossecução de um processo de transição energético benéfico para o país. Atingir este objectivo depende, segundo o estudo da Deloitte, de um investimento considerável nas infra-estruturas de produção, transmissão e distribuição de energia. Ao mesmo tempo, e para aumentar a electrificação, o país deverá melhorar o seu quadro regulamentar para atrair investidores privados e investir em conhecimento especializado e no conteúdo local.
Este investimento pode ser feito com parte dos recursos provenientes da exploração do petróleo, por se tratar da maior fonte de receitas do país. Sobre o assunto, o responsável pelo Sector de Energia, Recursos & Indústria em Angola da Deloitte, Frederico Martins Correia, sublinhou que “a criação deste mix pode vir a favorecer significativamente Angola, porque o país tem enormes potencialidades na sua capacidade produtiva e pode aumentá-la com a co-habitabilidade de diferentes fontes alternativas. “A capacidade de geração de energia limpa, através dos nossos recursos hídricos e dos investimentos em curso em projectos solares, pode posicionar Angola na linha da frente no sector energético ao nível do continente”, disse.