Dois agentes da Brigada Motorizada da Polícia Nacional, pertencentes ao comando do Talatona, serão sentenciados hoje, 12 de Outubro, pelo Tribunal de Comarca de Belas, em Luanda, por estarem a ser acusados de homicídio qualificado em razão dos meios, crime de que foram vítimas dois jovens suposta- mente marginais.
O Tribunal de Comarca de Belas, no Benfica, marcou para hoje, pelas 10h00, a leitura da sentença dos agentes Florindo Rodrigues e Juelme Matias, pertencentes à Brigada Motorizada, acusados do crime de homicídio qualificado em razão dos meios, em que são vítimas dois cidadãos. Na 2ª Secção dos Crimes Comuns, onde estão a ser julgados, estes agentes respondem pelas mortes de dois jovens, Luís Falcão e Hélder Cavulo, de 19 e 22 anos de idade, respectivamente, que foram surpreendidos enquanto circulavam na via pública, no Talatona, à bordo de uma motorizada, no dia 2 de Fevereiro de 2022.
Nos autos consta que havia um cidadão que denunciou ter sido vítima de um assalto, protagonizado por dois jovens de motorizada, tendo dado as características. Os polícias puseram-se em campo à procura dos jovens e deram de cara com as vítimas que, supostamente, tinham as mesmas características dadas pelo assaltado. A versão dos agentes apresentada durante as audiências é de que estes jovens eram marginais, estavam armados e que os polícias responderam aos disparos de arma de fogo.
Havia troca de tiros, segundo os agentes, e tiveram de responder desta forma, apesar de não terem a intenção de matar, para salvar as suas vidas. Entretanto, o comandante do Talatona foi chamado em tribunal como declarante e confirmou a informação de que estes jovens, as vítimas, no caso, não têm antecedentes criminais. Por outro lado, a arma que supostamente estava a andar com os jovens não foi apreendida, nem encontrada, pelo que não consta nos autos.
Hélder Cavulo completava mais um ano de vida naquele dia, segundo os familiares, e decidiu ir conviver com alguns familiares que residem no município do Cazenga. Enquanto o vizinho Luís Falcão, mototaxista, saía de casa para mais um dia de trabalho e foi nesta situação que realizava a primeira que seria também a sua última corrida com um cliente, no caso, o jovem Hélder Cavulo.