Há uns dias que a província de Benguela está a viver uma crise acentuada de gasolina devido ao atraso registado na atracagem de uma embarcação no terminal oceânico do Lobito – esclareceu a directora regional da Sonangol, Maria do Carmo. Este facto deixa alguns cidadãos agastados, pois têm sido obrigados a deixar o conforto das suas camas mais cedo para marcar lugar em intermináveis filas
De há uns dias para cá, as bombas nas cidades de Benguela, Lobito, Catumbela e Baía-Farta têm vindo a registar filas intermináveis de carros e motorizadas cujos proprietários, em muitos casos, se vêm obrigados a chegar tarde ou, no pior dos cenários, faltar ao trabalho para conseguir ter algum combustível no veículo, com destaque para gasolina, produto escasso no mercado. Para quem tem o carro cujo motor se mova a gasolina, teve de fazer contas à vida, porque viver no Lobito e trabalhar em Benguela sem carro – dizem – é uma autêntica «dor de cabeça».
Em meio à aflição, houve quem tivesse olha- do para o projecto de refinaria do Lobito em construção – segundo o Governo -, que prevê processar, diariamente, mais de 200 mil barris de petróleo. Com a refinaria em funcionamento, vaticinavam os nossos entrevistados – parte dos problemas de crise – como o que se verifica actualmente – seria ultrapassado. Ainda a Sonangol não tinha dado nenhuma explicação oficial, mas os entrevistados do jornal OPAÍS já prognosticavam que essas crises se deviam, principalmente, à pouca capacidade de refinação do país. “Eu cheguei aqui (nas bombas do Kalunga) às 7 horas.
Quando cheguei, já encontrei muita gente à espera. Depois apareceu aqui a dizer que nos lados do Jekelino tem combustível. Fomos para lá, mas também não tem. Estão a descarregar mais gasóleo”, disse o senhor Constantino Domingos. Neste momento, nas bombas de combustível só falta gasolina, por- que gasóleo há que sobra. Porém, pelo cenário constatado por es- te jornal, a maior parte do parque automóvel de Benguela é movido a gasolina, daí a crise desse produto ter produzido filas intermináveis de carros, deixando os nervos à flor da pele a quem conduz e é obrigado quase que a pernoitar.
“Estamos aqui à espera. Disseram que até às 12 horas vai ter. São 9 horas. Epá, vou ficar mesmo aqui à espera, porque já não tenho com- bustível para regressar a casa”, disse o senhor João António, que chegou às 4 horas da manhã às bombas. A crise de combustível em Benguela ainda não afectou os transportes colectivos na sua globalidade, a ponto de ter causado constrangimentos na circulação de quem dependa desses serviços, mas ainda há quem tenha notado pouca circulação dos azul e branco. Entretanto, o mesmo não se diz em relação aos moto-taxistas, pois uma boa parte viu-se obrigada a interromper a actividade por conta desse quadro de escassez.
Responsáveis de algumas bombas contactados por este jornal, afirmam que havia previsões de reabastecimento ainda ao longo da tarde de Quarta-feira. Na altura em que expelíamos esta peça alguns camiões-cisternas faziam-se às bombas levando gasolina. As famosas bombas do Kalunga, em Benguela, e as do Luhongo, na Catumbela, são as que registaram maior fluxo de carros, ao passo que outras bombas – como a do mercado – não conseguiram reabastecer os seus tanques, tendo alguns bombeiros alegado o registo de uma demanda considerável no Centro Logístico da Sonangol no Lobito.
O que há mais é gasóleo. Estamos atrás da gasolina e não estamos a conseguir. Estou aqui desde as 6 horas à espera e disseram que, daqui a pouco, vai haver. Vamos ver”, disse o cidadão Simão Dungula, moto-taxistas, que disse ter deixado ficar a sua moto em casa e decidido levar um recipiente para a compra da gasolina.
Justificação
A Sonangol em Benguela justifica a crise com atrasos de navios para a reposição, mas assegura estar já ser reposta a situação, por haver uma embarcação que já se tenha feito ao terminal oceânico a fazer a descarga. A directora regional da empresa, Maria do Carmo, apelou à população, por via dos microfones da RNA local, à calma, tendo assegurado que Benguela já dispõe de combustível para fazer a distribuição.
“Como é sabido, o produto é importado, recebemos a informação a partir de Luanda, via cabotagem, houve um ligeiro atraso, mas a questão já está solucionada, já te- mos o navio no terminal oceânico do Lobito”, garante, estando, conforme disse, esforços a serem envidados para o normal funcionamento e distribuição do produto.
“Nós estamos a trabalhar para que essas questões não voltem a acontecer. A nossa comissão executiva todo o esforço está a fazer para repôr a normal situação e que ela não volte a acontecer. O processo é dinâmico e há situações que podem aparecer”, justificou a responsável.
POR: Constantino Eduardo, em Benguela