Os serviços de saúde no município de Buco-Zau (Cabinda) registam um défice de ambulâncias. Os dois meios existentes, que auxiliam o transporte de pacientes, estão constantemente avariadas, estando, assim, os doentes a serem evacuados de motorizadas e em transportes públicos vulgos táxis (Hiaces) para os hospitais e centros de saúde
As dificuldades no sector da saúde no município de Buco-Zau não faltam, mas a que mais ressalta à vista das pessoas está ligada, principalmente, à transportação de doentes para os centros de tratamento. Para uma população estimada em 39 mil 876 habitantes e para um município que conta com 13 unidades sanitárias, dentre as quais dois hospitais, dois centros e nove postos de saúde, dispersas em 2 mil 115 quilómetros quadrados, duas ambulâncias têm sido insuficientes para satisfazer as necessidades dos utentes.
Em declarações ao jornal OPAÍS, o secretário municipal da Saúde, Inácio Tambala, afirmou que por escassez de ambulâncias, os doentes, às vezes, são evacuados de motorizadas, um meio não seguro nem apropriado para trans- portar pacientes. “Três pessoas com o doente no meio para evacuar para o hospital. Isto acontece quando os centros comunais de saúde de Nhuca e de Necuto pretendem evacuar doentes para os hospitais da sede do município”, sublinhou. A sede municipal, por sua vez, em casos de doentes em estado crítico, que requerem uma evacuação para cidade de Cabinda e por falta de ambulâncias são obrigados a recorrer aos transportes públicos (hiaces) para o efeito.
Muitas vezes são usados carros administrativos dos próprios trabalhadores para evacuar os doentes. “É um caso grave e preocupante e pedimos às instâncias superiores de direito para que revejam essa situação.” As duas ambulâncias, que apoiam o município, carecem de manutenção, aliás, estão mais tempo avariadas do que a funcionar e vão, constantemente, às oficinas para reparação.
Mesmo ao longo da evacuação dos doentes de Buco-Zau para a cidade de Cabinda, num percurso de aproximadamente 130 quilómetros, segundo Inácio Tambala, as ambulâncias avariam sempre na via. “Pedimos a reposição de novas ambulâncias para acudir a população”,solicitou a nossa fonte. Questionado sobre a quantidade de ambulâncias necessárias para acudir a demanda, Inácio Tambala respondeu: “Temos dois hospitais e 2 centros de saúde. Se formos apetrechados pelo menos em quatro unidades estariamos de parabéns.”
Para o administrador do Buco- Zau, Óscar Dilo, as actuais ambulâncias “já deram o que tinham para dar” e, neste momento, acarretam muitos prejuízos aos hospitais devido à sua manutenção. “Por estarem constantemente avariados, fica muito difícil gerir meios nessas condições”, realçou. “Temos um défice de uma ambulância para cada centro de saúde. São centros de referência e, pelo menos, duas ambulâncias para cada um deles e duas ambulâncias para cada hospital”, acrescentou.
Funcionamento
Tirando a questão da falta de ambulâncias, o sector da saúde no município funciona normalmente sem grandes constrangimentos. A região conta actualmente com 13 unidades sanitárias, dos quais dois hospitais (hospital municipal e o hospital regional norte Alzira da Fonseca). Tem um quadro clínico constituído por 15 médicos, 74 enfermeiros, 39 técnicos de diagnóstico e terapêutica, 44 técnicos de apoio hospitalar e 23 administrativos, perfazendo um to- tal de 225 trabalhadores.
De acordo com o secretário municipal da Saúde, os 15 médicos escalados no Buco-Zau são insuficientes para as necessidades do município. “Precisamos aloucar médicos nos centros de referência de Nhuca e do Necuto. Contudo, temos feito alguma ginástica a nível local, escalando um médico por semana em cada comuna para atender os cidadãos, até que haja médicos para serem aí definitivamente colocados”, explicou. O hospital municipal possui 60 camas e tem a capacidade de internar cinco a seis pacientes por dia, enquanto o hospital Alzira da Fonseca, com capacidade de internamento de 60 camas, está em obras de reabilitação.
Para garantir a assistência à população, os seus serviços passaram provisoriamente para um edifício extra e os casos mais graves são transferidos para o hospital municipal. Alguns serviços prestados no hospital Alzira da Fonseca como radiologia, estomatologia e a maternidade foram transferidos para o hospital municipal. A malária, febre tifóide, hipertensão arterial, as doenças diarreicas agudas e respiratórias, bem como as doenças transmissíveis sexualmente são as enfermidades mais comuns do município.
A secretaria municipal da Saúde, segundo Inácio Tambala, tem desenvolvido algumas acções ligadas à educação sanitárias e palestras para falar dos cuidados a ter com essas doenças, o consumo de água potável, fervida ou desinfectada, já que a água consumida localmente, mesmo sendo tratada, não oferece boas condições para ser bebida. “Incentivamos a população a ferver a água para o seu consumo”, realçou. O administrador Óscar Dilo garante que as unidades de saúde existentes têm feito a cobertura sanitária possível em todo município e em termos de medicamentos há abastecimentos regulares no âmbito da sua gestão financeira autónoma dos hospitais que têm com- prado o necessário e o indispensável.
“Os doentes praticamente não compram medicamentos, salvo um fármaco que não existe nos hospitais”, disse. Em relação à saúde pública, adiantou que são cumpridos todos os programas de vacinação referentes ao combate às larvas, malária, poliomielite e outras enfermidades. “Temos feito dentro dos protocolos que existem quer na saúde pública quer no tratamento de doentes a nível dos hospitais. Não temos tido muita dor de cabeça nesse sector”, garantiu. O hospital municipal já reclama por alguma reabilitação uma vez que já apresenta fissuras em algumas áreas, sobretudo a da maternidade, registando infiltrações de água sempre que chove.
A garantia da sua reparação deverá estar por conta da administração municipal no quadro do Plano Integrado de Intervenção nos Municípios, PIIM-2. Inácio Tambala assegurou a este jornal que a humanização dos serviços de saúde tem sido a chave e a base da actividade do sector na região. “Temos apelados os nossos profissionais a pautar pela humanização, porque a recepção de um doente com carinho é uma cura para ele, as vezes, sem medicamentos. Mostrar a nossa empatia é o pré-tratamento para o doente”, rematou.
POR: Alberto Coelho, em Cabinda