“Verdades e Consequências” é o título da primeira obra discográfica da cantora e compositora Elisa Coelho, conhecida nas lides artísticas como “Antonica”, lançada no último Sábado, 07, no Campos de jogos Manuel Berenguel, da Rádio Nacional de Angola, Luanda, sob a égide da Xicote Produções
Com um total de 10 faixas musicais, desde Semba, Massemba, Kizomba e Rumba, Antoníca marca a sua estreia com um álbum de uma sonoridade caprichada com grandes referências de ritmos africanos, acompanhada pela Banda Movimento.
Com este trabalho, através do qual busca espelhar os “bens e males” que cada angolano enfrenta no seu dia-a-dia, Antonica almeja fazer “viajar” os amantes da boa música pelas vivências angolanas.
“Este álbum representa as minhas vivências, de pessoas próximas, e, de forma geral, vivências de todos os angolanos.
A obra representa histórias de vida, porque, na verdade, a própria vida é constituída por desafios, uma simbiose de verdades e consequências, sejam elas boas ou más”, disse a artista ao jornal OPAÍS.
Em projecção desde 2020, emocionada por fazer a sua primeira venda e sessão de autógrafos, a artista fez saber que o momento representa a realização do seu sonho, já que o mesmo mantevese adiado por vários anos.
Antoníca avançou que a faixa musical “Minha Cara”, uma produção de Quintino, da Banda Movimento, é, actualmente, a música mais destacada do trabalho discográfico.
Segundo a autora, a composição exalta a imagem da mulher angolana e de todos os humilhados, mas que, ao mesmo tempo, se sentem identificados com o que realmente são.
“Por isso digo a minha cara é essa, feia ou bonita a minha cara é essa, se não curtires ou não gostares dá um “lengueno”. Então, eu sou o que sou, eu sou Angola. Com todos os problemas que tenho, com todos os desagrados, mas eu sou Angola”, reforça o refrão.
A cantora que actualmente encontra-se reformada da profissão de jornalista, afirmou que abraçou este novo desafio como forma de dar seguimento à sua nova carreira profissional, exaltando o apoio dos filhos. Fez saber que abraçou esta nova etapa da vida com receios, já que a mesma marca o início da sua carreira artística.
Antoníca que carrega uma veia artística desde muito jovem, oriunda de um meio artístico, avançou a este jornal que foi exercitando guitarras e interpretando canções de clássicos nacionais e internacionais, que serviram de inspiração para as suas composições.
Permitindo a exploração da sua língua materna, o “Kimbundo”, como elemento fundamental para a finalização deste projecto. “A carreira musical tem várias etapas, e não é vendendo um disco que vou- me sentir totalmente colocada no mercado discográfico.
Preciso promover o disco e depois me estabilizar na verdadeira carreira, com shows ao vivo, fazendo digressão pelo país, uma forma de fazer um experimental deste meu novo percurso”, acrescentou.
Para uma maior expansão do álbum, a artista pensa em expandir a obra nas várias comunidades de Luanda, e, posteriormente, no interior do país, uma vez que a concretização da obra contou, essencialmente, com o incentivo e apoio de pessoas sensíveis à cultura.
Homenagens
Nesta obra, inspirada em ritmos africanos, adiantou que é composto por três versões musicais, entre as quais homenageia “Les Immortales”, do congolês Franklin Boukaka, Kamba Nguma de José Figueiredo e Ngamanda, em homenagem à sua falecida avó”, versões estas que demostram a sua admiração por estas figuras.
Entretanto, Augusto George, irmão de José Figueiredo, um dos homenageados, que acompanhou a actividade em representação da família, disse a este jornal estar feliz pela homenagem feita ao seu falecido irmão, “Para nós, como família, é muito bom.
Isto é cultura e no contexto da música é bom saber que o nome do nosso irmão continua a ser valorizado”, disse.