Segundo revelações de entrevistados do jornal OPAÍS, as mulheres constituem a maioria entre os clientes dos prestadores de ‘serviços de apoio e orientação académica’, como estes fazem questão de denominar as suas micro-empresas
Muitos finalistas de cursos universitários abdicam do sacrifício de reunirem conteúdos para elaborar os seus trabalhos de fim de curso e entregam essa responsabilidade a pequenas equipas de jovens, que se auto-denominam de ‘empresas de apoio’, a troco de um valor monetário que vai de 150 mil a 400 mil kwanzas.
Exemplo disso é Yolanda, que terminou o curso de Comunicação Social, num dos institutos superiores localizado junto à Via Ex- pressa, Avenida Comandante Fidel Castro Ruz. A jovem que, hoje, trabalha como assistente de Comunicação Social de uma empresa contou que no período em que se encontrava a finalizar o curso, estava concebida e não tinha muito tempo, nem disposição para andar a pesquisar e organizar a sua monografia.
“Então, uma colega minha, que já estava programada para usar os serviços de alguns jovens, que têm uma tal empresa de apoio aos estudantes universitários finalistas, propôs-me fazer o mesmo e pediu- me para preparar 200 mil kwanzas pelo trabalho todo”, revelou a assistente de comunicação, tendo recordado que a referida prestação financeira, nessa altura, já incluía a beca (uniforme).
Quando ela efectuou o pagamento, a sua colega Mãezinha já andava a ensaiar um trabalho produzido pelos prestadores de serviço, intitulado “O contributo da comunicação social numa sociedade em franco desenvolvimento”. “Pelo ritmo que eu via da amiga, confesso que eu queria o trabalho dela, ainda que tivesse de lhe pagar por isso”, admitiu Yolanda, para quem, o momento não lhe permitia fazer muitas escolhas. Questionada se verificou muita segurança da parte da colega, a entrevistada revelou que se tratava de decorar um conteúdo de vinte e tal páginas, por muitas leituras que ela efectuava do trabalho, diariamente, porque ainda faltavam quatro meses para o fim do 4º Ano.
Contrariamente à sua expectativa, ela teve de defender primeiro que a colega e foi aí que a grávida de cinco meses só obteve a nota 14, por condescendência do jurado, que atendeu, prontamente, a sua condição de grávida, conforme fez saber a própria entrevista- da, a quem só interessava concluir a licenciatura. A alegria dela era tanta, mas durou pouco tempo, porque, ao começar a trabalhar, foi confronta- da pelo seu superior hierárquico, que a submeteu a formações adicionais. “Tudo que eu não queria, era voltar cedo à carteira”, desabafou a interlocutora de OPAÍS, que aconselha os estudantes actuais a não enveredarem por estas práticas.