As organizações policiais dos países africanos membros da Interpol vão ser reforçados com suportes tecnológicos para fazer face à criminalidade e repôr a ordem e tranquilidade públicas
A informação foi prestada, ontem, em exclusivo ao jornal OPAÍS, pelo chefe da Cooperação Internacional da Polícia da República de Moçambique, Samuel Sitoe, à margem da 26ª Conferência Regional Africana da Interpol que decorre desde Terça-feira, 3, em Luanda. O responsável referiu que a novidade era um dos temas em de- bate na agenda de trabalhos do segundo dia da reunião dos altos oficias da Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol).
Conforme fez saber, uma destas ferramentas de suporte às acções operativas das polícias é o sistema I-24/7, um sistema de comunicação conectado a todos os países membros da Interpol. Este sistema, segundo Samuel Sitoe, fornece aos órgãos de polícia dados globais precisos e actualizados sobre os criminosos a fim de que possa realizar investigações internacionais bem-sucedidas. “Que esperamos que os países possam explorar ao máximo, de forma a alargar o espectro das investigações criminais”, disse.
O também comandante das Forças Policiais em Estado de Alerta Moçambicana (FPEAM) para a SADC, reforçou que o sistema I-24/7, permitirá também uma maior cooperação entre os diversos órgãos de polícia, na de- tenção de foragidos da justiça e na recuperação de activos surripia- dos por estes. Disse que Angola e Moçambique têm facilidades, no âmbito da SADC, em matéria de cooperação policial, e as polícias dos dois países têm relações muito profícuas quer no âmbito bilateral como no multilateral.
Angola e Namíbia com boas relações policiais
Presente no encontro, o Inspector-Geral da Polícia da Namíbia, general Joseph Shimweelao Shikongo, referiu que existe uma Comissão Conjunta entre as repúblicas de Angola e da Namíbia, integrada por diferentes departamentos ministeriais, como as que actuam na administração da justiça, defesa interna e diplomacia. Estes órgãos, assegurou, têm trabalhado conjuntamente para o reforço da capacidade de resposta no combate aos crimes transfronteiriços, uma vez que Angola e a Namíbia partilham uma extensa fronteira terrestre e fluvial.
Segundo o Inspector-Geral da Polícia da Namíbia, está agendada para ainda este ano, em Angola, a primeira reunião desta Comissão Conjunta. “Falta-nos a confirmação da data, mas o encontro vai servir para debatermos e encontrarmos mecanismo eficazes para a prevenção e repressão de toda actvidade criminosa entre os nossos dois países”, afirmou. Joseph Shikongo referiu, à propósito, que os crimes mais frequentes nas zonas fronteiriças são os de contrabando de combustível, de tráfico de seres humanos e de viaturas. Salientou que a 26ª Conferência Regional Africana da Interpol é mais um passo rumo à fortificação da cooperação dos órgãos de Polícia dos dois países, mais de África e do mundo, em geral.
Reino Unido apoia luta anti-corrupção de Angola
Por seu turno, o superintendente Mark Beavan, membro do Comité Executivo da Interpol no Reino Unido, garantiu que a Interpol vai continuar a apoiar os esforços do governo angolano no capítulo do combate à corrupção. O detective britânico salientou que os peritos do escritório central da Organização, em Lyon, França, e no Reino Unido, têm estado a trabalhar juntamente com as autoridades angolanas na localização dos recursos financeiros do Estado angolano, tirados ilegalmente, instaurar processos e ajudar a repatriar os mesmos.
PGR e Interpol reforçam cooperação
O Procurador-Geral da República, Hélder Pitta Gróz, recebeu a visita de cortesia do Presidente da Organização Internacional de Polícia Criminal (OIPC – Interpol), que se encontra no nosso país, a participar na 26ª Conferencia Regional Africana daquela organização que termina hoje em Luanda. O Procurador-Geral da República felicitou a Interpol pelo 100º. aniversário da sua criação, enfatizando que esta organização é muito importante para Angola, com vista o combate do crime organizado. Hélder Pitta Gróz mencionou a experiência obtida pela PGR, quando o seu representante visitou a sede da Interpol e pode colher outros subsídios do seu funcionamento.
O presidente da Interpol, Ahmed Naser Al-Raisi, mostrou-se satisfeito por estar em Angola e agradeceu o Estado angolano por acolher a efeméride e por tal feito ter realizado na vigência do seu mandato. Enfatizou que é a primeira vez na história que a organização é dirigida por um cidadão Árabe, e tudo deveu-se ao apoio e solidariedade dos países africanos e, certamente, de Angola. Ahmed Al-Raisi disse, que tudo fará para que os países de África usufruam dos seus direi- tos enquanto membros da Interpol, não se tratando de qualquer favor, porquanto são muito importantes para o funcionamento da organização.
O Presidente da Interpol exorta os países africanos a inserir os seus trabalhos na base de dados da organização. Ahmed Al-Raisi disse ainda estar consciente de que os países africanos fazem um bom trabalho, mas estes não constam na base de dados da organização que é necessário aceder, ajudando os países no Combate ao Cibercrime e Crimes Financeiros. O Procurador-Geral da República, no final, prometeu trabalhar com o titular do pelouro do MININT para um melhor aproveitamento e utilização da base de dados da Interpol.