Por via de um processo de continuidade ao de alfabetização do Ministério da Educação (MED), de algum tempo a esta parte, apoiado pela empresa de construção civil Carmon, os adultos que não sabem ler nem escrever, podem concluir o ensino secundário do I Ciclo, em apenas cinco anos
a garantia foi reafirma- da ao jornal OPAÍS pelo director Nacional de Educação de Jovens e Adultos, Evaristo João Pedro, que se referiu de uma oferta de formação da 7ª à 9ª classe, em apenas dois anos lectivos, para os alunos que tenham frequentado os três anos de alfabetização (ensino primário).
“Este nível de ensino é ministrado em instituições escolares públicas, onde também é possível, em dois anos lectivos, concluir a 9ª Classe. Quer isto dizer que a prerrogativa é para os adultos que não sabem ler, nem escrever, que se inscrevem numa turma de alfabetização e concluem o ensino primário.
Evaristo João Pedro explicou que a educação de adultos está sub-dividida em ensino primário, com três ciclos, sendo os módulos 1, 2 e 3, que correspondem à conclusão da 2ª, 4ª e 6ª classes, respectivamente. Por causa disso, o director Nacional de Educação de Jovens e Adultos assegurou a eventualidade de, em três anos lectivos, um adulto que não tenha tido a possibilidade de estudar, nas idades certas, poder concluir o ensino primário. “Depois daí, pode seguir com a formação, numa escola do ensino secundário do I Ciclo estatal”, reforçou o dirigente do MED.
Quanto aos materiais didácticos, anunciou que, nas turmas de parceria com a empresa de construção Carmon, há uma dupla responsabilidade, sendo que o Ministério da Educação assume a questão desses meios para as turmas existentes e, em alguns casos, a construtora também garante a aquisição de alguns manuais. Questionado sobre a localização das salas de alfabetização, Evaristo João Pedro detalhou que as de parceria com a Carmon se encontram, necessariamente, nos seus estaleiros, mas que outras estão em algumas igrejas e mercados.
O director Nacional de Educação de Jovens e Adultos não descartou a possibilidade de estas salas virem a ser instaladas dentro das comunidades, onde se ache necessário e urgente, tendo justificado isso com o plano de levantamento de necessidades, neste capítulo, levado a cabo por algumas equipas da construtora. A parceria recentemente renovada com a Carmon para alfabetizar mais pessoas não se limita à abertura de turmas, mas também à reabilitação de alguns espaços educativos que servem aos adultos.
“A título de exemplo, já estivemos a visitar a sala do Mercado do Kifica, município de Talatona, que vai merecer mais uma reabilitação, por um apoio da parceira Carmon”, anunciou Evaristo João Pedro, tendo adiantado que as equipas já estão a trabalhar no terreno. Segundo ele, nessa altura, decorre o processo de identificação de outros pontos de alfabetização, um pouco por toda província de Luanda e Malanje, de forma que, aí onde a construtora demonstrar que tem condições para tal, se arranque com as turmas.
Turmas informais podem ‘emigrar’ a escolas públicas
Questionado sobre a possibilidade de emigração dessas turmas para uma escola pública, o director Nacional da Educação de Jovens e Adultos disse que o que o seu departamento faz é usar os recursos das escolas públicas naqueles horários em que os seus alunos do ensino regular não estão a utilizar as salas. “Em muitos casos, entre as 6 e as 7 horas e meia e, noutros, no período da noite. As turmas criadas vão ser anexadas às escolas esta- tais mais próximas para garantir a certificação dos alunos alfabetiza- dos”, realçou.
Finalmente, garantiu que os directores de escola estão orienta- dos nesse sentido, porque todos os anos, quando o Ministério da Educação emite normas orientadoras, há orientação expressa para que as turmas criadas no âmbito da educação de adultos no circuito não formal, como é o caso da das igrejas e dos mercados, sejam anexadas às escolas primárias das redondezas para efeito de certificação.