Devido a muitas denúncias que os especialistas dessa organização recebem, recorrentemente, de alguns crentes, sobretudo os de abusos sexuais, isolamento forçado de suas famílias e extorsão de dinheiro, os mesmos decidem, hoje, andar de mãos dadas com o Executivo
O bastonário da Ordem dos Psicólogos de Angola (OPsA), Carlinho Zassala, anunciou a disponibilidade da sua classe em apoiar o Governo a tomar medida contra as confissões religiosas que atentam contra as liberdades, garantias e o bem- estar das pessoas, submetendo-as a práticas obscenas, invocando o nome de Deus.
“Recebemos denúncias de abuso sexual perpetrado por líderes religiosos e, como essas práticas, além de serem imorais, constituem um crime, os psicólogos voltarão a instar o Governo a tomar posições responsabilizadoras”, disse Carlinho Zassala, tendo referido que muitas vítimas preferem omitir os casos a denunciar os infratores, por temerem graves retaliações a si e às suas famílias.
Em relação ao dinheiro contribuído forçosamente, em certas igrejas, que, na maior parte das vezes, não é pouco, os fiéis reclamam que o mesmo é mais usado para o benefício dos pastores ou de supostos anciãos, profetas ou evangelistas, em vez de servir para o bem comum.
“Os psicólogos de Angola, quebram, então, silêncio com esta manifestação pública, porque muitas igrejas estão a inverter o seu verdadeiro papel de reservas morais da sociedade”, frisou o bastonário dos psicólogos, tendo acrescentado que a sua instituição deu-se por conta de uma crise da igreja, em Angola.
Para o bastonário, as violações são claras, mas as medidas tardam a chegar. Por isso, reiterou que a Ordem dos Psicólogos de Angola vai incentivar e ajudar o Governo a responsabilizar moral e criminal- mente os actores dos referidos actos obscenos. Segundo o académico, nesta ordem de ideias, aconselharão o Instituto Nacional de Assuntos Religiosos (INAR) a criar uma co- missão multi-sectorial com a integração de psicólogos, sociólogos, antropólogos e teólogos para a mesma ajudar a fazer estudos orientadores”, realçou o interlocutor de O PAÍS, que considera este como o momento crucial para se evitarem graves problemas, no futuro.
Carlinho Zassala sublinhou dizendo que a exigência da sua classe não esta à margem da norma, porque a Lei 12/19 sobre as actividades religiosas e de culto já prevê obrigações, no que to-ca ao espaço adequado onde deve construir-se uma igreja, a formação de pastores, sacerdotes e outros líderes religiosos, bem como as incongruências com a sociedade. Finalmente, lembrou que o engajamento da OPSA não é de hoje, no legado da Ministra da Cultura, Carolina Cerqueira, a ordem foi instada a prestar a sua colaboração, no sentido de ajudar a estudar e orientar a regulação das actividades religiosas.