Entre os vários aspectos conducentes à relação professor aluno tem-se, a priori e como marco, a esfera volitiva ou da vontade, considerando que dela depende fundamentalmente a actuação de ambos no processo de ensino, avaliação e aprendizagem.
Num outro modo de ver, podese dizer que é na senda daquele que deseja despertar a aprendizagem e daquele que deseja ser despertado do estado dormitante, de ignorância, enfim, a serem mais, que se torna possível e produtivo o contexto que os envolve, que cada um deles movidos pelas razões validativas, dará lugar aos papéis conducentes aos finsúltimos do processo.
A relação entre os partícipes envolventes no dito processo afirma-se com distintivo pela sua dimensionalidade, isto é, no começo, processo e resultado dentro e fora da escola.
Nestes meandros, nela não cabe somente a visão de busca pela satisfação de interesses, também de contendas, de frustrações, cujas possibilidades de resolução residem, antes de qualquer intervenção externa, de cada um deles internamente.
Professor e aluno, enquanto sujeitos sócio-humanos, delimitados no contexto espácio-temporal, quando a relação estiver condensada no fechamento, tenderá a dar azos ao juízo segundo o qual o professor tem mais a dar de si do que a si, sobretudo, quando menospreza os conhecimentos e saberes de base didáctico-pedagógicos, andragógicos e axiológicos.
Neste prisma, revitaliza-se a ideia de questionamento atinente ao tipo de professor que se necessita num contexto em que se procura reflectir, analisar, melhorar e fomentar a relação com os alunos.
Dito consequente “necessitamos, não somente de professores eruditos para instruir seus alunos, necessitamos, sobretudo de mestres de carácter, que com sua própria vida e vivência, dêem a seus discípulos o exemplo da dignidade do homem” (Gadotti, 2005. p. 34).
Na senda do exposto pelo autor, pode-se inferir que o acto de educar é sempre necessário, e na sua prossecução, às vezes, além do acto instrutivo, da simples apropriação de conhecimento tidos como sendo convencionais, e que, para o fomento da relação com o aluno e efectivação da mesma, é fundamental que haja condizência, haja pouca discórdia entre o nível de instrução e educação por parte do professor e aluno.
Nestes meandros, poderá facilitar e fomentar a relação, o primeiro tenderá a edificar o aluno e a edificarem-se a si mesmos, uma vez que está em causa sua figura, seu poder de gestão do clima na sala de aula, a posterior, um dar e receber simultaneamente.
No sentido de completude de papéis, percebe-se, iniludivelmente, que cada um justifica na práxis a existência do outro.
Daí que é fundamental que ao aluno cabe também a tomada de decisões com vista à elevação e maturação (postura autogestionária), e ao professor, a abertura de espaços e interesses centrados na aula, para uma busca constante da sua afirmação, por via também de uma correcta identificação do contexto oportuno e explorá-lo, sem reduzir, tampouco elevar-se em demasia, pois que, o convívio deve estar pautado nos princípios e papéis que cada um possui, embora, hoje, nestes tempos de inovação pedagógica, de uma acrescente e cada vez mais facilitada adesão de informação, do avanço tecno-tecnológico, enfim, das TICs, tendessem a complexar o papel, de modo particular, e o perfil, de modo geral, do professor.
Percebe-se que se torna necessário e, se possível inadiável, aflorar que a compreensão da relação professor-aluno, nos vieses tomados como referência, afirma-se cada vez mais fundamental em virtude da sua validade de sentido e repercussão, no domínio da completude de função, concorre para o bem-estar pessoal e desempenho académico, e no segundo, resultante duma postura afastativa, de anulação e evasão do aluno em relação ao professor, enfim, dos papéis invertidos por parte do primeiro ao segundo, transformando, assim, a relação, a sala de aulas, a escola, numa espécie de luta por afirmação, de domínio, de subordinação por imposição, quando estaria centrada na busca produtiva e satisfatória das partes, pois, mais do que ensinar, mais do que avaliar e aprender, educar é, sobretudo, um acto de amor e de excelência.
Por: FERNANDO ADELINO