A primeira fase do porto do Caio, que começou a ser construído em 2016, deverá terminar em Dezembro de 2025 com a conclusão da plataforma de mais de 350 metros que servirá de berço de atracação de navios de grande porte
A presidente da Assembleia Nacional, Carolina Cerqueira, que encabeçou uma delegação parlamentar, visitou a obra, localizada na aldeia do Caio, para avaliar o seu nível de execução, tendo recebido dos responsáveis do projecto explicações técnicas sobre a referida infra-estrutura, avaliada em cerca de mil milhões (um bilhão) de dólares.
O Porto do Caio foi concebido para servir de factor-chave para catalisar o desenvolvimento económico de Cabinda e do país, gerar receitas significativas para a região e criar empregos na província.
O projecto está dividido em duas fases e comporta uma Zona Franca, um terminal, uma Zona Económica Especial (ZEE) e uma área residencial, que foi concebido para colmatar as condições precárias da actual ponte-cais do Porto de Cabinda, erguida em 1953, e que já não possuí capacidade de atracação de navios de grande porte que transportam mercadorias para a província.
O administrador único da empresa Caio Porto, Jorge Morais Lando, afirmou, na ocasião da visita, que o grau de execução física da obra está na ordem dos 35.4 por cento, enquanto a execução financeira cifrase na ordem dos 54.6 por cento.
Jorge Lando garantiu não haver, neste momento, constrangimentos que possam comprometer a execução da obra até ao termo da primeira fase, já que as condições financeiras estão asseguradas. “Está tudo garantido.
Teríamos constrangimentos se tivéssemos falta de dinheiro. Temos o adiantamento financeiro já garantido e o material está a chegar e as obras decorrem a bom rítmo.”
Nesta altura, adiantou, os trabalhos estão mais concentrados na construção do berço da atracação dos navios com a construção das vigas e dos pilares que vão suster o empreendimento que depois será ligar à plataforma do terminal do porto marítimo do Caio.
Trabalhadores
A obra envolve, neste momento, um total de 823 trabalhadores entre expatriados e angolanos, e o ritimo do trabalho deverá entrar numa fase de 24/24 horas de serviço para que o cronograma das actividades seja cumprido.
O deputado do MPLA, Mambi dos Santos, que integrou a comitiva da presidente da Assembleia Nacional, Carolina Cerqueira, mostrouse satisfeito com o ritmo da execução da obra, tendo referido que a conclusão da obra trará maisvalias para o desenvolvimento da província de Cabinda e melhorias no bem-estar das populações.
“Do ponto de vista estratégico, o terminal marítimo do Caio será determinante na descarga de mercadorias para Cabinda.
Parabenizo o Executivo e o governo da província de Cabinda pelo empenho demostrado na concretização deste projecto que vai contribuir, sobremaneira, no desenvolvimento da província de Cabinda e na vida das populações.”
Reacção da UNITA Por seu turno, Navita Ngola, deputada da UNITA, acha que o projecto vem tarde atendendo a situação geográfica de insularidade da província de Cabinda que precisa de um porto de águas profundas que possa galvanizar e impulsionar o comércio entre Angola e os países vizinhos.
Para a parlamentar da UNITA, a criação de uma Zona Franca, prevista no projecto, vai atrair investimentos estrangeiro, e não só, como vai responder àquilo que é o modelo de desenvolvimento que está previsto na Constituição da República que é a substituição das importações e, sobretudo, a promoção de exportações tornando o país cada vez mais competitivo.
“É preciso que haja celeridade na conclusão deste projecto para que Cabinda deixe de depender dos portos de Luanda e de Ponta-Negra o que dificulta a vida da população porque os produtos importados chegam aqui a preços bastante altos.”
Defendeu que a conclusão do projecto do porto do Caio deve obedecer aos prazos estabelecidos para que “possamos então, de um lado, poder responder à necessidade de alavancar o comércio nessa zona, já que Angola está numa posição estratégica e importante ao nível da África Austral e Cabinda ajuda nessa configuração.
“É necessário aproveitarmos essa questão natural para que possamos impulsionar as exportações e permitir que os produtos cheguem à população o mais barato possível, uma vez que as importações dos produtos para Cabinda através do portos de Luanda e de Ponta-Negra está a dificultar a vida das populações.”
Segundo Navita Ngolo, o desagravamento fiscal dos bens de primeira necessidade não terá os benefícios desejados se não se resolver o problema do porto com celeridade.
“É uma obra imponente que deve avançar o mais rápido possível para que facilite a vida das populações e, sobretudo, dinamizar o comércio regional ao nível desta província e também a nível da região em geral”, sustentou.
Por: Alberto Coelho, em Cabinda