O economista Mondlane Cruz, considera que Angola enfrenta um desafio crónico de oferta de produtos da cesta básica devido à sua dependência das importações, apontando como sinal preocupante o aumento constante da taxa de câmbio e uma entrada reduzida de divisas no país.
Recordou que o Governo lançou o Programa de Apoio à Produção, Diversificação das Exportações e Substituição das Importações (PRODESI), visando promover a produção nacional e limitar, administrativamente, as importações de 54 produtos.
No entanto, o economista ressaltou que o aumento significativo na produção nacional requer tempo, gerando um desequilíbrio entre a procura e a oferta, o que pressiona os preços para cima.
“Sugiro a implementação de tarifas para proteger a produção nacional, estabelecendo um tecto máximo para as importações como uma forma de garantir preços competitivos”, salientou.
De acordo com os dados do BNA, no 2° Semestre de 2023 Angola gasta mais divisas na importação de combustíveis com cerca de USD 705,9 mil milhões e para os bens alimentares gasta cerca de USD 490,8 mil milhões.
Para Mondlane Cruz, quando as refinarias projectadas e em construção estiverem a funcionar em pleno, anualmente Angola conseguiria poupar USD 4 biliões.
Isto vai permitir, afirma, reduzir o gasto das reservas internacionais líquidas e, por conseguinte, salvaguardar a questão cambial, tornando o câmbio estável e com tendência a reduzir a taxa.
O economista entende que o Planagrão pode dar resposta a este problema de importação em grande escala, pois prevê a produção de grãos de trigo, arroz, soja e milho entre outros, com foco em quatro províncias Lunda Norte, Lunda Sul, Moxico e Cuando Cubango.
“O nosso conselho ao Governo é que se encontre uma linha de crédito para o Planagrão, tal como aconteceu com o projecto Biocom”, sublinhou, acrescentando que o petróleo pode servir como garantia da referida linha de crédito, para que o Planagrão venha a mudar o quadro alimentar de Angola.
O também economista Marlino Sambongue considera que os produtos da cesta básica estão sujeitos a preços vigiados pelo Governo, com base em fundamentos económicos relacionados ao custo de produção ou importação.
O especialista enfatiza que a estabilização dos preços não ocorrerá instantaneamente, pois requer tempo para que os agentes económicos avaliem as medidas governamentais, especialmente em relação à produção interna e às importações.
Marlino Sambongue sublinha que as importações enfrentam restrições devido à necessidade de manter as Reservas Internacionais Líquidas em níveis aceitáveis.
Entretanto, conforme os agentes económicos absorverem os resultados das medidas governamentais, os preços tenderão a se estabilizar.
Por: Francisca Parente