Ajunta militar no poder, em Niamey, acusou Paris de preparar uma “agressão” contra o Níger esse Domingo 10 de Setembro.
O Presidente francês Emmanuel Macron disse continuar a não reconhecer “qualquer legitimidade às declarações dos golpistas”.
As tensões entre a junta militar, no poder no Níger, e a França continuam. Esse domingo 10 de Setembro, o regime militar em Niamey acusou a França de estar a “mobilizar as suas forças” em vários países de África Ocidental com o objectivo de preparar uma “agressão” contra o Níger.
Num comunicado lido na televisão nacional do Níger, o major coronel Amadou Abdramane acusou “a Costa do Marfim, Senegal e Benin” de estarem a colaborar com a França, recebendo nos seus territórios helicópteros e veículos blindados franceses.
Mais tarde, no mesmo dia, o Presidente francês Emmanuel Macron respondeu não reconhecer “nenhuma legitimidade às declarações dos golpistas”, durante uma conferência de imprensa no fim da cimeira do G20, em Nova Deli, na India.
No Sábado, o regime nigerino afirmou, num comunicado de imprensa, que, “no dia 01 de Setembro”, o líder do exército do Níger “recebeu o comandante das forças francesas no Sahel, em Zinder, para discutir um plano de retirada das capacidades militares francesas”.
O major coronel Amadou Abdramana alertou que “um anúncio de retirada chegou-nos a um nível operacional”, que “não foi, portanto, anunciado pelo Estado-Maior dos exércitos franceses, nem pelo governo francês e não foi objecto de qualquer comunicado oficial”.
O Presidente Emmanuel Macron declarou, por sua vez, no Domingo, 10 de Setembro, que uma eventual retirada das forças francesas do Níger apenas seria decidida a pedido do Presidente deposto Mohamed Bazoum.
“Se retirarmos o que quer que seja, só o farei a pedido do Presidente Bazoum e em coordenação com ele. Não com os responsáveis que hoje mantêm em detenção um Presidente”, disse Macron.
Várias manifestações tiveram lugar, em Niamey, nos arredores de uma base militar francesa, com milhares de pessoas a exigirem a sua retirada.
Por sua vez, os Estados Unidos, que têm cerca de 1 100 soldados no Níger, começaram a reposicionar as suas tropas, desde a base 101 de Niamey para a base 201 de Agadez, no centro do país, como “medida de prevenção”, segundo o Departamento de Defesa norte-americano.
No início de Agosto, a junta militar no poder anulou vários acordos de cooperação militar com a França e exigiu a saída dos cerca de 1 500 soldados franceses do país, assim como a do embaixador francês Sylvain Itté.
Até agora, Paris não cedeu a nenhuma destas exigências.
As tropas francesas no terreno viramse obrigadas a limitar as suas actividades e o embaixador francês continua na sua residência, com a liberdade de circulação restringida, sem imunidade e visto diplomáticos, retirados pelos militares nigerinos.