O Hospital Municipal de Cuvelai tem estado a registar dificuldades no atendimento de pacientes que acorrem àquela unidade sanitária, depois de o fluxo disparar em 12 mil utentes a mais, no primeiro semestre desse ano, se comparado com o número atendido no mesmo período do ano transacto
A informação foi avançada pelo directorgeral do estabelecimento hospitalar, Carlos Nunes, que admitiu haver uma morosidade no processo de atendimento aos pacientes, pelo facto de, segundo disse, “os trabalhos estarem mais apertados, e os recursos humanos esgotados”, pelo alto fluxo de utentes.
Carlos Nunes esclareceu ainda que a situação que se está a viver não faz parte da rotina naquela unidade sanitária, razão pela qual os técnicos e a capacidade da instituição revelam-se, por vezes, insuficientes para atender a demanda.
“No primeiro semestre deste ano, comparativamente com o primeiro semestre de 2022, temos 12 mil utentes a mais que procuraram os nossos serviços.
Há um fluxo maior, e o consumo de produto é excessivo.
Isso causou dificuldades no atendimento, mas temos envidado esforço para acobertar”, avançou.
Relativamente ao número de internados, no mesmo período de comparação, no primeiro semestre registou-se um aumento de 201 pacientes, ao sair de 217 para 418 pessoas que ocuparam uma cama, na zona de internamento.
O responsável do Hospital Municipal de Cuvelai disse que os doentes internados têm direito à alimentação, a exames, e à medicação completa até o médico que os assiste decidir pela alta médica.
Por isso, desconfia serem esses cuidados que aumentaram o fluxo, atraindo pessoas da vizinha província da Huila, inclusive.
“Alguns utentes da Huíla preferem vir aqui. Segundo eles, aqui está bom porque demos medicamentos e boa assistência.
Por isso é que aumentou”, argumentou, referindo que, nesta altura, os recursos humanos não satisfazem a necessidade exigida pelo número de pacientes.
Explicou que o Hospital conta com cinco médicos clínicosgerais, além de dois de fisioterapia, e de estomatologia, enquanto na classe de enfermagem existem 70 técnicos, pessoal que considerou insuficiente para atender uma média de pacientes que ronda os 100 por dia.
“Diariamente, só temos quatro médicos em serviço, sendo que dois cobrem o banco de urgência e os demais assumem as consultas externas. Não chega. Mas, temos tido uma resposta satisfatória, porque, pelo número de pacientes com malária que recebemos, e o número de óbitos, para nós é satisfatório, disse.
Utentes reclamam da demora
Bartolomeu Nafingue, de 23 anos, chegou ao hospital perto das 8 horas, a reclamar de fortes dorde-barriga.
O paciente disse que se encontrava a aguardar pelo atendimento há mais de cinco horas, mas, infelizmente, a sua vez não chegava. “Cheguei aqui às 8 horas, mas, infelizmente, até aqui, são 13 horas, não fui ainda atendido.
Pelo menos, já fiz as análises e aguardo apenas o resultado. Mas, a demora é muita. É preciso que se melhore nisso”, disse.
Para este utente, a grande vantagem do hospital está relacionada com o facto de os serviços serem, verdadeiramente, gratuitos.
“Não paguei nada.
Foi tudo gratuito”, referiu. Por seu turno, Fátima Jeremias corrobora o argumento de que existe morosidade no atendimento aos pacientes naquele Hospital Municipal.
A utente que chegou, igualmente, às 8 horas, com queixas de tosse e dor nas vistas, foi apenas atendida às 14 horas, altura em que acabava de realizar um exame solicitado pela equipa médica.
“Demorou muito para eu ser atendida.
Quando cheguei estava cheio, e tive de esperar esse tempo todo. Mas, além da demora, o bom é que não tive de pagar nada”, disse.