O director do Gabinete da Educação em Benguela, Edmundo Salupula, admitiu, recentemente, num encontro com jornalistas, a existência de crianças a estudarem em salas “muito precárias” , adaptadas em quintais, uma vez que a execução da carteira de projectos para o presente ano, que previa a construção de 40 escolas um pouco pela província, ficou condicionada à falta de dinheiro
O director da Educação refere que uma boa parte das escolas construídas no âmbito do PIIM têm estado a servir crianças que estudam em salas precárias (debaixo de árvores, quintais e em catequese), mas, apesar disso, há ainda a necessidade de se construir mais infra-estruturas. “(…) Nós temos crianças que estudam debaixo das árvores, quintais e catequeses e, às vezes, constrói-se uma escola de dez salas para substituir uma escola precária de 8 salas”, disse, realçando que muitas destas têm um número elevado de alunos, de maneira a que “o PIIM veio minimizar, mas ainda não resolveu”, reconhece o governante. Face ao cenário acima ex- posto, Salupula salienta que o seu sector tem batido à porta de entidades a quem, no âmbito das suas atribuições, cabe a construção de escolas para que dêem maior atenção a esta componente.
“Daí é nossa vocação planificar e interceder ou apresentar o plano de necessidades junto do Governo Provincial, bem como das administrações. Aqui, relembrar que, dentro das atribuições do Gabinete Provincial da Educação, não se encontra a construção de escolas, as escolas devem ser construídas pelas administrações municipais, governos provinciais e, em última instância, pelo ministério”, esclarece. O responsável do sector do Educação em Benguela admite, igualmente, que o Plano de Construção de Salas de Aula foi condicionado à paralisação de execução financeira, uma decisão anunciada, recentemente, pelo Ministério das Finanças. “Infelizmente, este ano não está a ser muito simpático financeiramente. Porque, de acordo com a carteira de construção de escolas, para este ano, estavam previstas a construção de 40 escolas. Vamos aguardar, porque existe plano durante o quinquénio”, disse.
Sem avançar números percentuais, Edmundo Salupula afirma que há um défice significativo de escolas em Benguela, facto que, na sua óptica, diminui a qualidade de ensino e explica o porquê. “Porque isto aqui, a “olho nú”, nós conseguimos observar que existe um défice. E, quando isto acontece, nós não só vamos diminuir a qualidade, pelo facto de termos que colocar um número excessivo de alunos em salas de aula, e outros a estudar em condições precárias”, disse, acrescentando que para evitar crianças fora do sistema do ensino, o seu sector tem vindo a operar aquilo que qualifica de “arranjo”, apoiado pelas comunidades.
“Sabe que muitas vezes aquelas escolas precárias são construídas com apoio da comunidade”, disse. Ele revela que há obras de construção de escolas paradas por falta de pagamento. O director Edmundo Salupula descarta, desde já, qualquer responsabilidade do governo local a respeito e, por isso, acena para o Ministério das Finanças, que tem à testa Vera Daves.
POR: Constantino Eduardo, em Benguela