A Ucrânia denunciou, ontem, um ataque russo contra instalações industriais civis no Danúbio, no Sudeste do país, e a Rússia confirmou que atingiu um porto na região que faz fronteira com a Roménia.
“O inimigo atacou infraestruturas industriais civis na região do Danúbio”, afirmou o Ministério Público ucraniano nas redes sociais, segundo a agência francesa AFP.
“Duas pessoas ficaram feridas no ataque e foram hospitalizadas”, disse a mesma fonte.
As forças ucranianas conseguiram abater 22 dos 25 ‘drones’ (aparelhos sem tripulação) utilizados no ataque, ocorrido no Sábado à noite, acrescentou a procuradoria.
O Ministério da Defesa russo afirmou ter efectuado um ataque com ‘drones’ contra o porto de Reni, na fronteira com a Roménia, um país membro da NATO (sigla inglesa da Organização do Tratado do Atlântico Norte).
O ataque visou “depósitos de combustível utilizados para reabastecer o equipamento militar do exército ucraniano no porto de Reni”, afirmou o ministério.
Segundo Moscovo, o objectivo do ataque foi alcançado e todos os alvos foram atingidos.
As informações divulgadas pelas duas partes sobre o curso da guerra não podem ser verificadas de imediato de forma independente.
O Ministério da Defesa romeno condenou os ataques russos perto da fronteira com a Ucrânia, descrevendo-os como injustificados, mas assegurou que não geraram uma ameaça direta contra a Roménia.
“Estes ataques contra alvos civis e infraestruturas na Ucrânia são injustificados e estão em profunda contradição com as regras do direito humanitário internacional”, disse em comunicado.
Em nenhum momento, os ataques russos “geraram uma ameaça militar directa ao território nacional ou às águas territoriais da Roménia”, acrescentou, citado pela AFP.
As instalações no Rio Danúbio, incluindo os portos de Reni e Ismail, já foram alvo das forças russas, tendo a Roménia condenado os ataques na altura.
Os dois portos têm sido usados pela Ucrânia após a suspensão do acordo que permitia a Kiev exportar cereais em segurança através do Mar Negro.
A Rússia suspendeu os acordos em julho, após um ano em vigor, alegando que as sanções do Ocidente não permitiam a exportação dos seus produtos agrícolas, conforme o que negociou com a ONU.
Desde então, a Rússia intensificou os ataques nas regiões de onde se situam os portos e outras infraestruturas vitais para o comércio de cereais.
A guerra iniciada pela Rússia quando invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022 originou, entre outras consequências, o receio de insegurança alimentar no mundo
. Antes da guerra, a Ucrânia e a Rússia forneciam, em conjunto, 28% do trigo consumido no mundo, 29% da cevada, 15% do milho e 75% do óleo de girassol, segundo a revista britânica The Economist.
O Presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, vai tentar reativar os acordos sobre os cereais na segunda-feira, num encontro na Rússia com o homólogo Vladimir Putin.
A Turquia é parte dos acordos e instalou um centro de coordenação conjunto no porto de Istambul, com representantes da Ucrânia, da Rússia e das Nações Unidas.
Num ano, a iniciativa do Mar Negro permitiu a saída de cerca de 33 milhões de toneladas de cereais e outros produtos alimentares de três portos ucranianos para 45 países.