A declamadora e escritora Azul Fênix, que marcou uma geração de poetas clássicos, apresenta-se na 3ª edição do “Concerto Poético Imortais”, que é realizado nesta Sextafeira, 01 de Setembro, a partir das 18 horas, no Centro Cultural Brasil – Angola, em Luanda
A artista, intérprete de Agostinho Neto, com cerca de 38 anos de carreira, vai passar o testemunho aos novos talentos e não só, através das poesias apresentadas nas suas obras “Vida Escritas”, um livro de poesia e disco, e participação em várias antologias nacionais e estrangeiras: “Poemas de Berço e outros Versos”, “Cartas Íntimas” e “Borboletas”.
Durante a sua apresentação que inclui instrumentos melódicos, como a guitarra e o piano, a artista vai proporcionar ao público momentos memoráveis, já que têm como missão promover a arte poética e impulsionar o trabalho dos artistas no mercado nacional.
Segundo o realizador do evento, de carácter anual, Romeu Miranda, o mesmo tem como intuito criar condições para que a poesia se transforme numa arte criativa e valorizada no país.
Nesta jornada, aponta como grande desafio a elevação da arte de declamação e o reconhecimento dos artistas.
“O objectivo é elevar a arte e o nome dos artistas no mercado nacional, uma vez que o concerto já é tido como um símbolo nacional de poesia, porque tem proporcionado ao público espectador um espectáculo diferente de declamação”, começou por contar.
Oriundo da ideia de engrandecer a arte, segundo Romeu, o concerto apresenta um conceito diferente de declamação de poesia, onde acontece um casamento harmonioso entre a arte de representação e o balet clássico.
Pela sua relevância, considera-o como um dos maiores que se tem destacado no mundo das artes no país, o que para si é mostra de que a poesia entretêm na mesma proporção que as outras formas de arte.
“É um concerto poético experimental, que se tem diferenciado pela forma diferente de elevar o conceito de declamação de poesia, um trabalho que desde o começo enaltece a arte poética no mercado nacional”, exprimiu.
Falta de apoio condiciona evento
Apesar de o evento ser tido como uma marca nacional, Romeu Miranda lamenta o facto de haver pouca valorização da arte poética no país, pelo que considera necessário um trabalho de sensibilização para o público apreciador que, embora os poetas façam a sua parte, como artistas, precisa-se de apoio para a realização de eventos que engrandeçam este cenário cultural.
Considerada como arte para os intelectuais, Romeu acredita que os meios de comunicação social deveriam olhar para os poetas como artistas contribuidores para uma sociedade melhor, em função das mensagens que são transmitidas nas suas apresentações.
Entretanto, afirma que há uma limitação, em particular, da televisão, já que tem apreciado mais espectáculos musicais do que poéticos.
Ou seja, para si, a poesia é a arte mais desvalorizada na sociedade angolana, o que faz com que os organizadores de eventos olhem para estes espectáculos como dos poucos apreciados.
Também, pela falta de apoios e patrocínios, classifica o mercado poético angolano como pobre, que carece de apoios, tanto financeiros como de organizações culturais, na qual as maiores dificuldades são a falta de espaços e as aberturas para a realização dos eventos.
“O que indica que, os esforços e a criatividade dos fazedores desta arte não têm feito grande diferença, já que, de certa forma, a poesia é, certamente, pouco apreciada, e desvalorizada, e que, apesar dos movimentos que emanciparam-se para a elevação da poesia, como “Lev’Arte, e o Berço Literário”, actualmente se observa uma grande baixa no movimento poético nacional”, sublinhou.