A produção de sal no país vai atingir, este ano, a cifra de 200 mil toneladas, caso os produtores não forem “traídos” pelas chuvas, revelou, recentemente, em Benguela, o presidente da Associação dos Produtores de Sal (APROSAL), Totas Garrido
O líder associativo afirmou que a cifra acima mencionada poderá ser ultrapassada, nos próximos tempos, por um aumento na ordem das 500 mil toneladas, em função dos investimentos que estão a ser feitos neste sector. “Não vai haver uma subida muito grande em relação ao ano passado, vai haver uma consolidação, porque começamos a ter uma nova visão sobre o que é o negócio em relação ao sal, que é fazer contrato para garantir novos produtores de que o irão produzir está garantida a sua compra”, realça.
De acordo com o nosso interlocutor, Angola, hoje, produz sal suficiente para o consumo interno e o excedente tem vindo a ser exportado para os países que fazem parte do Corredor do Lobito, com destaque para a República Democrática do Congo (RDC).
Por outro lado, a APROSAL ma- nifesta-se preocupada por desconhecer a necessidade real das necessidades das indústrias petrolífera e agro-pecuária. Totas Garrido afirmou que ainda não têm dados relativos à necessidade de consumo para a indústria, que incluem os sectores petrolífero e agrícola. “Nós não sabemos exactamente qual é a necessidade industrial do sal. Nós sabemos do consumo humano. Isto está espelhado”, disse, embora considere haver uma pressão “muito grande” sobre o sector salineiro por parte da indústria.
Segundo o presidente da APRO- SAL, é chegado o momento de o mercado começar a firmar contra- tos, acertar e ficar à espera de uma possível escassez. Para que se satisfaça o sector industrial, sugere que o sector afim, no caso o da Indústria, os publique, do mesmo jeito que também aguardam pela publicação do Censo Agro-pecuário e Pesqueiro. No seu ponto de vista, só com esses dados será possível projectar a produção de sal a pensar nessa componente.
“Queremos saber a necessidade que o mundo animal precisa, número existente no país. Também que nos digam qual é a necessidade actual, mas também a tendência de crescimento, para nós podermos projectar para os próximos dois três anos”, frisou. Enquanto a Associação não dispõe de informações relativas à necessidade de sal para o aludido sector, empresários como Adérito Areias, responsável por 80 por cento do sal consumido em Angola, procuram escoar o produto para o mercado da República Democrática do Congo.
Com recurso aos comboios do CFB, o “magnata do sal” envia, regularmente, o produto à RDC para não perder o investimento, uma vez que as necessidades do país, em termos de consumo, estão na ordem das 65 mil toneladas por ano.
POR: Constantino Eduardo, em Benguela