O Supremo Tribunal do Chile condenou, Terça-feira, seis antigos militares a penas de prisão entre 10 e 15 anos pelo assassínio do diplomata e economista espanhol Carmelo Soria, em 1976, durante a liderança de Augusto Pinochet, anunciou a agência Reuters.
A sentença aumenta as penas pronunciadas em primeira instância contra os seis antigos membros da Direcção Nacional de Informações (DINA), a temível polícia política do governo de Pinochet (1973-1990).
Carmelo Soria, militante do Partido Comunista Espanhol, exilado no Chile em 1971, trabalhava para a Comissão Económica para a América Latina um organismo das Nações Unidas com sede em Santiago do Chile.
Soria usou a imunidade diplomática para ajudar vários opositores a refugiarem-se em embaixadas. Segundo o acórdão do Supremo Tribunal, em 14 de Julho de 1976, o diplomata de 54 anos foi raptado por agentes durante uma falsa paragem de trânsito, interrogado e torturado até à morte.
Os autores do crime simularam um acidente de viação provocado pelo consumo de álcool e colocaram nas roupas do cadáver “um bilhete insinuando que era infiel à mulher”, adianta-se no acórdão.
Entre os condenados estão Pedro Espinoza Bravo, 91 anos, e Raul Iturriaga Neumann, 85 anos, os principais líderes da DINA, condenados a 15 anos e um dia de prisão.
Um terceiro ex-militar, Juan Morales, foi condenado a dez anos e um dia de prisão.
Os três homens já se encontram detidos na penitenciária especial para autores de violações dos direitos humanos em Punta Peuco, nos arredores de Santiago, onde cumprem várias penas longas por outros crimes.
Os outros três condenados, Guillermo Salinas (15 anos e um dia de prisão), René Quilhot e Pablo Belmar (10 anos e um dia), que estão sob fiança, deverão entregarse nos próximos dias, acrescentase na sentença.
Em primeira instância, em 2019, o tribunal decretou penas de até seis anos de prisão. “A 16 de Julho de 1976, dois dias após o homicídio, a minha mãe disse-me que se tratava de um crime político.
A 22 de Agosto de 2023, a Justiça deu-nos razão”, disse à agência de notícias France-Presse (AFP) Carmen Soria, filha do diplomata assassinado, qualificando as sentenças proferidas como “miseráveis”.