O músico e compositor Filipe Mukenga, de 73 anos de idade, lança, no dia 02 de Setembro próximo, no Club S, em Luanda, o seu último trabalho discográfico de originais, intitulado “Canções e Destinos”, com a chancela da Guelvamos Produções
Com inúmeros sucessos conquistados há mais de 50 anos de carreira, o artista vai “abandonar” o mercado discográfico por motivos pessoais e financeiros, apelando ao público que respeite a sua decisão e o apoie na venda do seu último disco.
“Estou aqui para vos dizer que, finalmente, o meu disco vai ser lançado, depois de alguns pequenos problemas que surgiram com a capa, e resolvida a questão, o disco vai ser finalmente lançado no dia 2 de Setembro de 2023”, avançou o artista num vídeo partilhado na sua página do Facebook.
Emocionado por estar a preparar a sua retirada do mercado, Filipe Mukenga destaca as qualidades e diversidades temáticas que traz no seu álbum que considera ser uma obra rica em termos de conteúdos e com melodias contagiantes características das suas músicas.
“Vocês não podem perder, aos que amam a boa música, rica do ponto de vista de conteúdos, do discurso melódico, harmonia é tudo isso que vão ouvir no dia 2”, sublinhou o grande ícone da música nacional, apelando no final: “não percam, não me deixem ficar mal, sozinho no Club S”.
“Canções e Destinos” será a sexta obra de originais do cantor que nasceu em Luanda em 1949 e autor dos álbuns Lemba (1983), Kianda Ki Anda (1994), Nós Somos Nós (2014), Canto Terceiro da Sereia: o Encanto (2020) e Baile no Marçal (2021).
A obra que inicialmente se chamaria “Tritonalidades” servirá também para celebrar os 74 anos do artista, a serem assinalados no dia 7 de Setembro, isto é, cinco dias após o seu lançamento oficial.
Sobre o artista
Conhecido pelos sucessos “Dilombe”, “Balabina”, “Nvula”, “Ndiloewa”, “Minha Terra, Terra Minha” e “Angola no coração” Filipe Mukenga começou a cantar muito cedo.
Começou a tocar em 1964 por influência dos Beatles.
Colaborou com grupos como: Os Brucutus, os Indómitos, The Five Kings, The Black Stars, Os Rocks, os Electrónicos, os Jovens e Apollo XI.
Gravou o seu primeiro álbum, “Novo Som”, em 1990 para a editora EMI-Valentim de Carvalho, tendo colaborado ainda num dos temas do disco “Mingos & Os Samurais” de Rui Veloso no mesmo ano.
Em 31 de Maio de 1991 actua, conjuntamente com Os Tubarões, no Coliseu dos Recreios.
Três anos depois lançou o álbum “Kianda Kianda”, gravado em Paris para a editora Lusáfrica, em 1994. Em 1996, é gravado o lítero-musical intitulado “O Canto da Sereia: o Encanto” em que é co-autor com Filipe Zau.
Outros cantores presentes no disco são Carlos Burity, Katila Mingas, Paulo Flores, Dino, Eduardo Paim e Fernando Tordo. Colabora também no disco “Luanda Lua e Mulher” de Filipe Zau.
O tema “Eu vi Luanda” é incluído na banda sonora do projecto “O mar : a música dos povos de língua portuguesa” dos brasileiros Oboré. É um dos nomes escolhidos para a compilação “África em Lisboa” lançada pela EMI no ano de 1998.
Em 2000, a editora francesa Buda Musique lança a compilação “Angola 80’s : 1978-1990” que inclui o seu tema “Lemba”. Em 2003, é lançado o disco “Mimbu Iami” gravado no Brasil e em Portugal. O disco “Ao vivo no B.Leza” inclui dois temas interpretados por Filipe Mukenga: “Carnaval de Março” e “Osimanya”.
Grava em Portugal o disco “Sons da Fala” do projecto com o mesmo nome.
O disco é lançado em 2007. Filipe Mukenga e Filipe Zau, actual ministro da Cultura, Turismo e Ambiente, receberam o prémio Common Ground Music Award, atribuído pela associação Search for Common Ground, em Maio de 2008, durante a sessão de apresentação do CD “Angola solta a tua voz”, onde os dois músicos também colaboraram.
Ambos colaboraram ainda com a Associação Unidos do Caxinde em “Os Nossos Reis”, música do Carnaval de Luanda no mesmo ano.
“Nós somos nós”, o quarto disco do músico, foi totalmente gravado no Brasil. Contou com a direcção de Zeca Baleiro. Ivan Lins e Martinho da Vila também colaboram no disco.
“O Meu Lado Gumbe” foi o último disco de sua autoria, lançado no dia 17 de Setembro de 2013, no Memorial Agostinho Neto, em Luanda, em cerimónia especial, alusiva a mais um aniversário do primeiro presidente de Angola, António Agostinho Neto.
Por: Bernardo Pires