A China prometeu, ontem, “medidas firmes” contra a passagem do vicepresidente taiwanês, William Lai, pelos Estados Unidos, porque entende esta visita como um ataque às suas reivindicações de soberania sobre Taiwan
“A China opõe-se, firmemente, a qualquer forma de contacto oficial entre os Estados Unidos e Taiwan, e opõe-se, firmemente, a qualquer viagem de separatistas pela independência de Taiwan aos Estados Unidos”, declarou, ontem, um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China.
“A China está a acompanhar de perto a visita de William Lai e tomará medidas firmes e vigorosas para salvaguardar a sua soberania e integridade territorial”, referiu o porta-voz chinês.
Segundo as autoridades taiwanesas, Lai deve simplesmente “transitar” em solo norte-americano antes de viajar para o Paraguai, onde vai participar na posse do novo presidente daquele país, Santiago Peña.
Entretanto, o responsável taiwanês, que assume uma posição de independência total da China, deve encontrar-se com figuras políticas norte-americanas durante a sua estadia em Nova Iorque, onde se encontra neste momento.
“Feliz por chegar à Big Apple, ícone da liberdade, democracia e oportunidade”, declarou hoje [ontem] William Lai na rede social X (ex-Twitter) após a sua chegada a Nova Iorque.
Lai referiu que foi recebido por um representante do Instituto Americano de Taiwan, a organização que actua como a embaixada norte-americana de facto na ilha – na ausência de relações diplomáticas entre Washington e Taipei.
A Presidência de Taiwan divulgou um vídeo, ontem, de William Lai a chegar a um hotel em Nova Iorque, saudado por apoiantes da independência de Taiwan, que agitavam bandeiras norte-americanas e taiwanesas.
Depois de Nova Iorque, Lai deve seguir para o Paraguai, um dos últimos países a reconhecer, oficialmente, Taipei, e no regresso deve fazer uma escala em São Francisco.
Lai indicou que planeia um encontro durante a sua escala na Califórnia com a presidente do Instituo Americano de Taiwan, Laura Rosenberger.
A China considera Taiwan uma das suas províncias, que ainda não conseguiu reunificar com o resto do seu território desde o fim da Guerra Civil Chinesa, em 1949.
O governo chinês diz ser a favor de uma reunificação “pacífica” com a ilha, onde cerca de 23 milhões de habitantes são governados por um sistema democrático.
Entretanto, os chineses nunca renunciaram ao eventual uso da força militar para conseguir a reunificação.
O exército chinês havia organizado em Abril manobras de três dias em torno de Taiwan em reacção a uma reunião nos Estados Unidos entre o presidente da Câmara dos Deputados norte-americana, Kevin McCarthy, e a presidente taiwanesa, Tsai Ing-wen.