O Presidente da República, João Lourenço, analisou, ontem, Quinta-feira, a actual situação económica e financeira do país, com representantes das associações empresariais que operam em diversos sectores para o desenvolvimento e diversificação da economia
O foco principal da interacção entre o Titular do Poder Executivo e os representantes da classe empresarial está na busca de ideias e consensos para projectar acções que visam mitigar os efeitos da actual conjuntura financeira e económica do país. Neste âmbito, o Chefe de Esta- do recebeu, em ocasiões separadas, no Palácio Presidencial, Rui Santos, da Associação Nacional dos Avicultores (ANAVI), Manuel Pacavira, Associação das Indústrias Cimenteiras de Angola (AICA), e Cléber Correia, Associação dos Profissionais Imobiliários de Angola (APIMA).
Com o mesmo propósito, foram recebidos Ramiro Barreira, Associação dos Hotéis e Resorts de Angola (AHRA), António Pacavira, Associação Nacional do Ensino Privado (ANEP), e Henriqueta Carvalho, Federação das Mulheres Empreendedoras de Angola (FEMEA). Em declarações à imprensa, os representantes das associações socioeconómicas ligadas ao sector produtivo afirmaram que apresentaram ao Titular do Poder Executivo suas as preocupações e dificuldades. Segundo o presidente da ANAVI, Rui Santos, o incremento da produção de frangos, por parte dos seus associados, passa por mais e melhores investimentos no sector e este foi um dos assuntos aborda- dos com o Chefe de Estado.
“Para o aumento da produção de frangos precisamos de mais milho e soja, ração alimentar, que são de grande consumo para as aves”, referiu. Já o líder da AICA, Manuel Pacavira, disse que a questão do abastecimento de combustível, a nível das unidades de produção e a redução do Imposto de Valor Acrescentado (IVA), foram dentre outras, preocupações apresentadas. Afirmou que, actualmente, Angola conta com uma capacidade de produção de cimento na ordem de oito (8) milhões e 460 mil toneladas por ano, tendo considerado a indústria cimenteira “muito específica”.
Cléber Correia, da APIMA, informou que apresentou alguns mecanismo financeiros para que o sector imobiliário passe a dar passos mais firmes, com realce para a proposta do diploma alternativo à hipoteca (alienação fiduciária), na qual o credor consegue resolver determinado incumprimento sem o uso do tribunal. “Isso permite estabelecer relações directas entre comprador e vendedor, fazendo com que o agente privado venha a financiar o próprio comparador de um imóvel, mecanismo que não implica necessariamente um terceiro (financiador)”, sustentou.
Com relação à alta dos preços dos imobiliários, Cléber Correia disse que só acontece quando não existem imóveis em abundância. “Os créditos bancários devem funcionar, para que, a partir daí, as especulações de preços possam baixar”, afirmou. Por sua parte, Ramiro Barreira, da AHRA, considerou a conversa sobre a situação do turismo no país “muito aberta e franca”, e disse que o Chefe de Estado propôs algumas iniciativas no sentido de melhorar e alavancar o sector. “Temos muitos desafios e o maior é o de estarmos todos uni- dos para tornar Angola uma região com um turismo sólido e for- te”, sublinhou.
Por seu turno, António Pacavira, presidente da ANEP, considerou muito louvável a iniciativa do Presidente João Lourenço, no sentido de uma gestão participativa, salientando que a instituição que dirige fez chegar a proposta referente ao imposto industrial, para que seja reduzido dos actuais 25 para 10 por cento. Informou que solicitaram também a abertura de uma linha de crédito para o sector da educação, à semelhança do que já acontece com os sectores da agricultura e indústria. “Precisamos de beneficiar dos juros bonificados porque, até então, nós pagamos juros muito altos.
As escolas precisam de fazer investimentos todos os anos em computadores e laboratórios”, notou António Pacavira, referin- do que, actualmente, para apetrechar um laboratório os custos rondam os 30 milhões de kwanzas. Também em declarações aos jornalistas, Henriqueta Carvalho, da FEMEA, adiantou que propôs ao Titular do Poder Executivo a criação de um fundo financeiro para as mulheres, bem como abordou a questão de mais apoios para a agricultura, a capacitação e formação em agronegócios, indústria e alfabetização.
O Presidente da República recebeu também, em momentos diferentes, o presidente da Associação de Jovens Empresários de Angola (AJEA), Alfredo Cumbi, o líder do Fórum Internacional de Jovens com as Embaixadas (FUE), Clinton Matias, e o representante da Liga das Associações de Pesca (LASPAS), Jorge Hilário. O ministro de Estado para a Coordenação Económica, José de Lima Massano, e o secretário do Presidente para o Sector Produtivo, Isaac dos Anjos, testemunharam as audiências.