Numa declaração política por ocasião das comemorações dos 16 anos de morte do líder fundador da FNLA, assinalado ontem, o Bureau Político do partido dos “irmãos” pede ao Estado angolano, em especial à Assembleia Nacional, que reconheça Holden Roberto elevando-o à categoria de herói nacional
O Bureau Político da Frente Nacional para Libertação de Angola (FNLA) pediu ontem, por ocasião do aniversário de morte do fundador Holden Roberto, à elevação do seu líder ao estatuto de Herói Nacional, pelo seu papel transcendental na luta para a independência de Angola. O apelo dos “irmãos” recai para as instituições do Estado, com particular incidência para a Assembleia Nacional, dado o seu contributo às várias causas não só do país como do continente, tendo este sido o único cidadão lusófono presente na conferência dos Povos Africanos, realizada em 1958.
Neste encontro, o político fundador da FNLA denunciou os malefícios do colonialismo português, tendo igualmente advogado a autodeterminação para Angola, Cabo-Verde, Guiné Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe. Segundo a FNLA, por via da UPA, Holden Roberto foi o primeiro a desafiar o poder colonial. “Figura incontornável do processo de emancipação política do nosso país, Álvaro Holden Roberto representa um marco importante no estudo das origens dos movimentos de libertação em África e é uma referência obrigatória para o conhecimento da história do surgimento do moderno nacionalismo angolano”, destaca o Bureau Político da FNLA.
A FNLA recorda que o seu líder faz parte da plêiade de figuras africanas proeminentes que se destacaram na luta pela libertação do continente, tais como Kwame Nkrumah, Sekou Touré, Habib Bourguiba, Kenneth Kaunda, Tom Mboya, Frantz Fanon, Patrice Lumumba, Oliver Tambo, Joshua Nkomo, Jomo Kenyata, Julius Nyerere, Houari Boumedienne, Jorge Padmore, entre outros. Por outro lado, lamentam que o processo de reconciliação dos Movimentos de Libertação, iniciado em Mombaça, e ao que se seguiu em Alvor no quadro da descolonização, prevendo uma transição pacífica do poder em Angola, tenha sido sabotado com a conivência das autoridades portuguesas da época, cujas consequências desastrosas se repercutem até aos dias de hoje.
Face aos 16 anos passados da sua morte, a FNLA evoca o percurso, a que considera exemplar, de um nacionalista e de um patriota cujo pensamento político resulta do cruzamento de diversos factores ditados pelas influências inter- nas e externas, que foram variando de acordo com a conjuntura política, económica, social e cultural da época. “Bem como a influência que o próprio homenageado criou resultante da sua experiência e posicionamento, o que explica por si só a essência da divisa liberdade e terra”, enaltece a FNLA, um dos três movimentos de libertação nacional, participe de todo o processo político nacional e com representação parlamentar desde as primeiras eleições gerais em 1992.