Em 2020 Angola deverá inaugurar mais um ciclo político importante na sua democracia, cumprindo o que diz a constituição e formalizando os vários aspectos do poder e do Estado democrático e de direito, permitindo uma maior participação popular, ou, ao menos, que o povo se exprima quanto a quem quer que governe localmente o seu destino.
Por: José Kaliengue
No seu discurso de ontem, João Lourenço, ao ter afirmado que os anos de 2018 e 2019 serão dedicados à preparação das eleições autárquicas, acabou por indicar que estas terão lugar em 2020. Porquê? É simples: se para 2022 estão agendadas as próximas eleições gerais, normalmente em Agosto, então o ano de 2021 e a primeira metade de 2022 já estão entregues, serão para a preparação e realização das eleições para a escolha do novo Governo.
Se em Março, na sua primeira reunião, o Conselho da República terá sobre a mesa a questão das autarquias, é bom que os sonhadores se comecem a posicionar, o tempo é já muito pouco. Os actuais administradores que queiram vir a ser autarcas, estes que comecem a ensaiar já novas posturas e novos tipos de gestão, o discurso de João Lourenço foi um verdadeiro apito de largada.
A Assembleia Nacional será, nos próximos meses, um interessante campo de batalha para a aprovação de uma lei sobre o poder local. E além da já anunciada proposta da UNITA, outras deverão surgir, entre as quais uma de iniciativa do Executivo, como anunciado ontem, ficando a questão sobre se o MPLA, partido que suporta o Governo, terá ele próprio a sua iniciativa também, atendendo ao facto de há bem pouco tempo este partido ter criado uma secretaria para as questões do poder local.