Uma delegação do Caminho-de-Ferro de Luanda (CFL) de alto nível, encabeçada pelo seu Presidente de Conselho de Administração (PCA), esteve, neste fim-de-semana, na cidade de Malanje, com o propósito de avaliar as causas dos principais constrangimentos, quer de índole técnica, quer de origem natural, na via ferroviária de Luanda a Malanje.
POR: Miguel José, em Malanje
A existência de pontos críticos na via ferroviária no percurso de Luanda a Malanje, está a desfavorecer os negócios do Caminho- de-Ferro de Luanda, segundo afirmou o PCA, Júlio Bango Joaquim, à sua chegada à cidade de Malanje. Em depoimento aos mídia locais, Júlio Joaquim lamentou os pontos críticos existentes no percurso, por conta da via estar dividida em duas partes, nomeadamente, os troços de Luanda a Nzenza do Itombe e de Cacuso a Malanje, que tiveram a reabilitação e modernização; ao contrário do troço entre Nzenza do Itombe e Cacuso, que oferece grandes dificuldades, devido a uma intervenção ligeira e insuficiente no quadro do que devia ser feito.
As várias contingências geográficas devido ao prolongamento do morro do Mbinda, com declives e curvas bastante acentuadas, obrigam a tornar lenta a marcha da locomotiva e faz com que se percam alguns negócios que passariam pelo caminho-de-ferro. “Nesse troço a velocidade tem de ser calculada com muita precaução e isso, em termos de negócios, não é favorável para a nossa empresa”, sublinhou. Contudo, para contrapor a situação, o responsável fez saber que a administração da sua empresa está a efectuar demarches com a finalidade de encontrar recursos suficientes, por via de financiamentos, com vista a proceder à devida intervenção no troço e assim evitar os constrangimentos que se têm verificado nas operações ferroviárias.
Dada a função que o tráfego ferroviário desempenha sobre os benefícios que trazem para as comunidades por onde passam e para o país como um todo, o uso desse meio de transporte foi sempre acompanhado de disciplina no conjunto dos serviços que se propõe prestar em prol dos utentes e da sociedade. Portanto, as redes ferroviárias são consideradas, para todos os efeitos, um bem ao serviço do desenvolvimento económico-social dos territórios em que se inserem. Ora, assim sendo, a falta de pontualidade que se verifica, quer no cumprimento de horários de partida e chegada, quer na organização do transporte misto de passageiros e mercadorias, assim como na determinação prévia do tempo das paragens, nas estações, além de ser fastidiosa e tornar a viagem longa, são também aspectos que, actualmente, tornam inconfortáveis as viagens de comboio, no percurso Luanda- Malanje e vice-versa.
Pelo facto, como forma de orientar as decisões que venham a ser futuramente tomadas no quadro da organização da empresa, o PCA admitiu superar, a breve trecho, o actual quadro crítico que a CFL está a atravessar, de modo a evitar transgressões causadas pelo factor humano. “Os regulamentos ferroviários determinam os procedimentos e cada passo a ser dado para a composição dos comboios. Por isso, nós só temos que observar e cumprir com rigor”, enfatizou. Questionado sobre o aumento de frequências semanais no percurso de Luanda a Malanje, o gestor ferroviário alega existirem poucas locomotivas e carruagens para o efeito, porém, tudo depende, em certa medida, da aquisição de novos equipamentos ferroviários e do grande projecto de transporte urbano ferroviário da cidade de Luanda que a empresa ferroviária tenciona implementar nos próximos tempos.
Contudo, assegurou que caso o projecto venha a acontecer, os meios que actualmente são usados no circuito urbano de Luanda passarão para o percurso de longo curso, Luanda-Malanje. “Por enquanto vamos trabalhar com o que temos, porque mais vale um na mão, do que nada”, ironizou. Portanto, o Caminho-de-Ferro de Luanda com 424 km de comprimento e uma largura de 1067 mm, liga Luanda a Malanje desde 1909, cuja existência, ao longo dos anos, conserva memórias indeléveis.