Após atravessar um logo período de interregno, sem produzir próteses, o Centro Ortopédico de Viana, a maior infraestrutura pública do país na especialidade, retomou a actividade em finais de Janeiro, Luanda lidera a lista de pedidos.
POR: Domingos Bento
Com uma produção mensal de cem peças, Luanda é a província do país que tem vindo a requerer o maior volume de próteses, segundo o director do Centro Ortopédico de Viana, Paulo Jorge. Conforme frisou, da quantidade de peças produzidas, o grosso acaba por ficar na capital do país, por apresentar o maior número de requisições, para cobrir a necessidade de locomoção de adultos e crianças que terão sofrido algum acidente, amputação ou outras lesões físicas.
“Não sei se estas pessoas vêm das províncias e acabam por residir em Luanda, dada as dificuldades de locomoção, ou se sempre viveram na capital do país. Anteriormente, em virtude do da guerra, eram as outras províncias que mais solicitavam próteses. Hoje a situação é inversa, e temos Luanda a requerer o grosso da produção”, esclareceu. Segundo Paulo Jorge, a amputação, por acidentes vários, constitui a principal causa do recurso às próteses e fisioterapia na instituição, onde, apesar das limitações, se continua a atender todo o território nacional. “Grande parte dos casos que recebemos são amputações por acidentes, aqui há pessoas de várias idades, sobretudo jovens, que, caso fossem mais prudentes, poderiam ter dado um outro contributo ao país”.
A paralisação na produção de próteses no Centro Ortopédico de Viana teve início em Março de 2017, devido à ruptura de matérias- primas. Os fornecedores, durante muitos meses, devido à crise que o país vive, encararam sérias dificuldades para adquirir o material que habitualmente é proveniente do exterior. No entanto, para a ultrapassar a situação, Paulo Jorge referiu que uma série de negociações foi feita com a fábrica de gessos do Cuanza- Sul para a aquisição do produto. Já as ligaduras foram aquisitadas no mercado de Luanda, através de alguns fornecedores. Assim, com estes dois produtos indispensáveis, o director do Centro Ortopédico assegura que a instituição está preparada para retomar a sua produção, as próteses, e daí responder à actual procura.
“Embora estejamos a produzir um número limitado, com base nas requisições, ainda assim tentamos, ao máximo, atender todos os pedidos. Nesse momento, mesmo devidas às dificuldades, estamos apenas a produzir próteses para os membros inferiores”, anunciou. Apesar das ainda existirem muitas dificuldades, Paulo Jorge assegurou que estão a trabalhar de forma a que não se registem novas paralisações. “Temos stocks de matérias-primas suficientes, que nos vão permitir um período de produção sem interferências. Agora vamos trabalhar na questão da gestão e a disciplina por parte dos nossos técnicos, de formas a servirmos da melhor maneira todos aqueles que vierem à nossa procura”, enfatizou.