Um grupo de mais de 50 pessoas com deficiência decidiu pernoitar, nos próximos dias, à frente do Governo Provincial de Luanda (GPL), em forma de reivindicação de alegados actos de exclusão que se dizem estar a ser alvos em concursos de ingresso à função pública
Depois da primeira manifestação de insatisfação através de uma marcha realizada, no passado dia 18 de Fevereiro, em Luanda, o mesmo grupo de jovens, que não está filiado a qualquer organização associativa, avança com uma vigília marcada para a próxima Segunda- feira, 27 de Março. De acordo com o organizador dessa actividade reivindicativa, Sonho António, o acto terá início às 15 horas da Segunda-feira por- vir, e vai se arrastar durante a noite e madrugada do dia seguinte, sendo que o grupo deverá deixar o local pelas 11 horas.
Está programada uma noite silenciosa, para que, pela manhã, sejam proferidas palavras de ordens e de protestos, com a finalidade de se chamar a atenção dos decisores, para a necessidade de encontrarem caminhos que viabilizem o cumprimento urgente da norma que orienta as organizações a reservarem quatro por cento das vagas de emprego para as pessoas com deficiência. “Vamos passar a noite em silêncio, com velas acesas. Mas, pela manhã, vamos começar a reivindicar. Até agora estão mobilizadas cerca de 50 pessoas com deficiência, para reivindicarmos os nossos direitos, ou seja, a inclusão social.
Estamos a insistir que haja abertura nas instituições dos 4 por cento da reversa de vagas para as pessoas com deficiência”, explicou. Além disso, faz parte da lista de reclamações desses jovens insatisfeitos, a inutilização dos elevadores dos automóveis públicos, que, acredita, não têm sido usados propositadamente pelos automobilistas das empresas transportadoras, dificultando, dessa maneira, a mobilidade das pessoas com deficiência motora, principalmente.
Marcha infrutífera
A marcha realizada no Sábado, 18 de Fevereiro, não produziu os resultados definidos, uma vez que o grupo esperava por uma reacção do Executivo, atentando para a suas preocupações. No entanto, Sonho António referiu que, antes da marcha, foi convocado pelo director nacional para Pessoa com Deficiência, Micael Daniel, através de uma chamada telefónica, a comparecer, naquela Direcção. No local, foi questionado sobre as razões que levava o grupo a pretender sair às ruas.
Em resposta, o organizado diz ter adiantado que eram as questões relaciona- das com a empregabilidade, mobilidade, por conta dos custos de uma cadeira de rodas, e que não Ministério da Acção Social, Família e Promoção da Mulher (MAS- FAMU) são, geralmente, desajustadas do porte físico dos beneficiários, sob alegações de estes serem os tamanhos que têm disponíveis. “Nunca são adequadas ao corpo de quem solicita. Nós precisamos de cadeiras de rodas com qualidade. O par de muletas está 50 mil kwanzas; muitos deficientes visuais não têm lentes.
Qual é o papel do MASFAMU sobre esta questão, sobretudo da sua Direcção Nacional de Inclusão da Pessoa com Deficiência? Não fazem nada”, disse. Pontualizou que é por esta razão que as pessoas com deficiência têm estado a sofrer, motivo que julga bastante para que se possam sair às ruas em protesto, prometendo que esses actos vão continuar, nos próximos dias. Referiu que dessa atividade, participam pessoas com deficiência diferentes, desde a motora à visual, bem como a auditiva.