O director do gabinete provincial da Indústria, Abel Máquina, revela que o sector industrial em Benguela carece de 500 megawatts para fazer face às necessidades e garante a definição de políticas para minimizar a carência. O delegado provincial da Associação Industrial de Angola, Carlos Leiria, considera que o défice condiciona sobremaneira o desenvolvimento de uma indústria que se pretende cada vez robusta.
POR: Constantino Eduardo
em Benguela
Em declarações à imprensa, à margem da recente visita que o governador Rui Falcão efectuou ao município piscatório da Baia-Farta, o director do gabinete provincial da Indústria, Abel Máquina, manifestou- se apreensivo com a carência de 500 megawatts de energia eléctrica para alimentar as unidades fabris instaladas na província. Abel Máquina, que reconhece que neste momento Benguela não dispõe de tal capacidade exclusivamente para o sector que dirige, salientou, porém, que tem dialogado bastante com os sectores afins para que, mesmo com as limitações actuais, não falte energia eléctrica à indústria.
“A indústria ronda por aí um consumo de 500 megawatts”, declarou, tendo lamentado o facto de dispor apenas de 50 megawatts, quantidade muito aquém do necessário. Neste sentido, o responsável demonstra- se confiante nos projectos energéticos em curso na província, um dos quais relacionado com a recepção de energia de Laúca, através do sistema norte. Apesar das dificuldades no seu sector, o responsável anuncia para breve a construção de duas unidades fabris, sendo uma para a produção de ração animal, na localidade do Huchi, município de Benguela, e outra de cimento, no município da Catumbela, ambas de iniciativa privada.
Entretanto, em entrevista a OPAÍS, via telefónica, Carlos Leiria, delegado provincial da AIA em Benguela, diz que o défice de 500 megawatts tem causado um impacto negativo no sector industrial em Benguela e assevera que pode até condicionar projectos, por exemplo, da dimensão do Pólo de Desenvolvimento Industrial da Catumbela (PDIC). “O PDIC tem uma ou duas fábricas que instalaram os seus PT e que muitas vezes, por causa dos cortes de energia, são obrigados a trabalhar com os geradores”, assinalou.
O responsável, que elege 4 factores principais para o alavancamento de um projecto fabril (acessos, segurança, água e energia eléctrica), lamenta o facto de a energia fornecida não ser suficiente para alimentar a maquinaria, obrigando, em muitos casos, os industriais a recorrer a fontes alternativas de energia para alimentar os equipamentos e garantir a produção de bens e serviços. “Os nossos geradores trabalham sempre que nós quisermos ter a fábrica a funcionar. Nós não podemos falar da energia do Governo como se fosse algo seguro que deve alimentar o nosso equipamento”, pontualiza. Para ele, estes factores encareçam o produto final. Carlos Leiria ressalva que o fornecimento de energia eléctrica constitui uma das principais preocupações levantadas pelos associados.