Os japoneses que sobreviveram aos ataques nucleares contra as cidades de Hiroshima e Nagasaki em 1945 estão indignados e preocupados com a nova doutrina nuclear recentemente apresentada por Washington.
“No ano passado foi reconhecida a actividade das vítimas dos bombardeamentos nucleares, foi apresentado (para celebração no âmbito da ONU) o Tratado sobre a Proibição de Armas Nucleares. Porém, se o Presidente de uma grande potência planeia aumentar e modernizar as armas nucleares, a eliminação delas se torna impossível no período em que nós, Hibakusha (expressão japonesa usada para se referir às vítimas dos ataques atómicos ocorridos no Japão na Segunda Guerra Mundial), estamos vivos.
Estou extremamente revoltado”, disse Toshiyuki Mimaki, um dos sobreviventes e chefe da Confederação das Organizações das Vítimas das Bombas Atómicas Nihon Hidankyo, citado pela emissora NHK. Outro sobrevivente, chefe do grupo de discussão dos Hibakusha no Centro do Movimento pela Paz da Câmara Municipal de Nagasaki, Koiti Kawano, acredita que a “estratégia dos EUA para a produção de ogivas nucleares compactas, que são fáceis de usar, diminui os obstáculos para o seu uso e aumenta o risco de uma guerra nuclear”. “O Japão, que tem instaladas bases norte-americanas, não ficará de fora”, frisou.
Nesta Sexta-feira (2), o Pentágono publicou sua nova doutrina nuclear, onde prestou muita atenção ao desenvolvimento das forças nucleares russas. Entre outras ameaças possíveis à sua segurança nacional, os EUA enumeraram a Coreia do Norte, o Irão e a China. A entidade militar norte-americana anunciou que os seus esforços se focariam na produção de ogivas nucleares de baixa potência.
Ademais, a doutrina diz que o Pentágono continuará a gastar meios com a modernização das forças nucleares e o desenvolvimento dos elementos da “tríade nuclear” (mísseis intercontinentais e submarinos e bombardeiros estratégicos). Enquanto isso, frisa-se que em geral os EUA estão a favor da redução das armas nucleares, mas criticam o acordo apresentado na ONU sobre a sua proibição completa, pois este não corresponde à agenda actual.