A Rússia comemorou nesta Sexta-feira o 75º aniversário da vitória soviética na Batalha de Stalinigrado, um momento-chave da Segunda Guerra Mundial e símbolo do orgulho e patriotismo que o Presidente Vladimir Putin quer encarcerar na campanha para alcançar um quarto mandato.
O Presidente russo, que chegou no período da tarde em Volgogrado – nome actual de Stalinigrado – saudou ante os antigos combatentes “a maior batalha da Segunda Guerra Mundial, que terminou com uma vitória para o nosso exército, para o nosso povo”. “Aqui foi onde o nosso povo demonstrou carácter irredutível (…), aqui foi onde se abriu caminho que conduziu à derrota definitiva do inimigo”, a Alemanha nazi, acrescentou. Mais cedo, milhares de habitantes, incluindo muitas crianças, vestidos para enfrentar o intenso frio das estepes do sul da Rússia, assistiram ao impressionante desfile militar que mobilizou 1.500 soldados, veículos blindados, aviões e os lendários tanques T-34, símbolo da vitória contra Hitler.
Esta batalha, considerada uma das mais sangrentas da história (1942-1943), causando dois milhões de mortes de ambos os lados, mudou o curso da guerra na União Soviética, até então um país desmoralizado por várias derrotas humilhantes. Os russos glorificam esta batalha, considerada determinante para salvar a Europa do nazismo. O dia 2 de Fevereiro “é uma data muito importante para todos nós”, ressaltou o porta-voz do Kremlin, Dimitri Peskov, a repórteres. “O patriotismo na Rússia tornouse praticamente uma ideologia de Estado”, aponta o analista político Konstantin Kalachev.
Num contexto de tensas relações entre o Ocidente e Moscovo, as autoridades russas “precisam de símbolos” como a Batalha de Stalinigrado “para promover a imagem de um país que é capaz de grandes feitos e de derrotar seus inimigos, mais cedo ou mais tarde”, diz ele à AFP. O aniversário coincide este ano com a campanha eleitoral para a eleição presidencial de 18 de Março. Putin tem multiplicado as suas aparições públicas junto a trabalhadores e estudantes.
200
dias O Presidente russo participou em 18 de Janeiro nas comemorações do 75º aniversário do fim do cerco em Leninegrado, organizadas nesta cidade – hoje São Petersburgo – e arredores. O cerco a Leningrado durou 900 dias e causou entre 600.000 e 1,5 milhão de mortos, segundo estimativas. “Devemos usar qualquer pretexto para lembrar, e para que o mundo se lembre, e assim não se reproduza novamente”, disse Putin na ocasião. Em Volgogrado, uma cidade de um milhão de habitantes nas margens do rio Volga, o Presidente russo depositará rosas no Mamayev Kurgan, uma colina estratégica que foi cenário de terríveis confrontos entre os soviéticos e os nazistas e que abriga um memorial e uma estátua de 85 metros de altura.
A Batalha de Stalingrado, que estourou em Julho de 1942, durou 200 dias e noites em que a cidade sofreu fortes bombardeamentos aéreos alemães, enquanto violentos combates ocorreram nas suas ruas. A 2 de Fevereiro de 1943, as tropas do marechal alemão Friedrich von Paulus capitularam, cercadas pelo Exército Vermelho. Essa rendição foi a primeira do exército nazi desde o início da guerra. Após a batalha, a cidade ficou em ruínas e foi completamente reconstruída por ordem das autoridades soviéticas. Foi rebatizada de Volgogrado em 1961, oito anos após a morte de Stálin. Desde 2013, segundo uma decisão dos políticos locais, a cidade é “renomeada” Stalinigrado seis vezes por ano, especialmente em 2 de Fevereiro, aniversário da vitória da Batalha de Stalinigrado, e no dia 9 de Maio, quando a Rússia comemora a vitória contra a Alemanha nazi.